Foi em 2016 que arrancaram as comemorações dos 150 anos do nascimento de Raul Brandão mas a primeira edição do Húmus — Festival Literário de Guimarães é esta que arranca a 8 de março, pouco antes da data oficial do aniversário. O programa promete apresentações e participantes que se vão focar na vida e a obra do escritor e jornalista. Mas a grande novidade é o lançamento de um site inteiramente dedicado a Brandão, que vai procurar “agregar informação sobre o autor”, conta Adelina Pinto, vereadora da Educação da Câmara Municipal de Guimarães e responsável pelo Festival Húmus.

Ao Observador, Adelina Pinto revelou que “as comemorações dos 150 anos do nascimento deste grande autor [que nasceu a 12 de março de 1867] não ficariam completas sem um site. A pesquisa digital é essencial e a inexistência de um site dedicado a Raul Brandão era uma grande fragilidade, agora compensada”. O site estará disponível a partir de 20 de fevereiro e terá vários conteúdos sobre o autor.

“A sua biografia, a sua bibliografia, informação sobre os seus lugares, o seu espólio e um arquivo onde possamos guardar tudo o que se vai publicando. A ideia é ter um site não acabado, que vai crescendo à medida que são publicados mais textos ou obras sobre Raul, a sua época, os seus espaços e as suas intervenções”, disse a vereadora.

No site vão estar disponíveis vídeos com textos de Raul Brandão lidos por autores portugueses: Lídia Jorge, Afonso Cruz, Bruno Vieira Amaral e Pedro Mexia. Este é um teaser do que vai poder ser visto em breve:

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A responsável pelo Festival Literário Húmus contou ainda que esta iniciativa “surgiu para comemorar dignamente os 150 anos do nascimento de Raul Brandão, uma importante figura das letras que viveu em Guimarães e que tem estado muito esquecido no panorama literário português, apesar de ser unanimemente considerado um grande escritor e atual”. Acrescentou ainda que “toda a sua obra tem pertinência no presente. Foi um homem da mudança de século, muito importante quer em Guimarães, quer em Lisboa, que se relacionava com os notáveis da sua época. Uma escrita que merece ser relida e dada a conhecer”.

O festival que celebra a vida e a obra de Raul Brandão vai acontecer entre 8 a 12 de março e contará com “múltiplas participações”, de escritores a grupos de teatro, com sessões de cinema e leituras sobre o autor. A Sociedade Martins Sarmento, que guarda o espólio de Raul Brandão, também fará parte do festival, que também vai abordar uma “vertente escolar, levando obras do autor a todas as escolas”.

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A organização tem também uma preocupação popular,”de ficar mais próximo da comunidade”, e uma outra abordagem, complementar e mais académica, com aqueles que têm dedicado a sua vida a estudar Raul Brandão, “como é o caso da Professora Maria João Reynaud e do Professor Vitor Viçoso”, confirmou a vereadora da Câmara de Guimarães.

Apesar da ligação entre a cidade e o escritor “não ser muito forte”, o festival Húmus aposta “na necessidade dos Vimaranenses valorizarem o escritor que escolheu Guimarães para viver e que aqui escreveu muito da sua obra”, explicou Adelina Pinto. “Não existe uma ‘casa’ de Raul Brandão como acontece com muitos outros escritores. A Casa do Alto [onde viveu] é hoje uma casa particular, habitada por um descendente seu. Como não temos uma memória física, criámos esta riqueza imaterial para conhecer o escritor e a sua obra”, esclareceu.

Raul Germano Brandão nasceu a 12 de março de 1867 no Porto e morreu a 5 de dezembro de 1930, com 63 anos. Foi autor de uma influente obra literária e jornalística, que inclui obras como Húmus (1917), Os Pescadores (1923) ou As Ilhas Desconhecidas (1926).