Todos os construtores automóveis estão fortemente empenhados na condução autónoma, dos mais antigos e reputados, como a Volkswagen, a Toyota e a General Motors (GM), os maiores grupos a nível mundial, aos jovens fabricantes que abanaram – e de que maneira – esta indústria, como é o caso da Tesla. Mas se os construtores há muito estabelecidos se dividem entre os que tentam negar o óbvio atraso e o fingir que não é bem assim, empurrando com a barriga, outros há que admitem que a Tesla surpreendeu toda a gente e tem de ser levada a sério, pois tem uma enorme vantagem neste domínio. E quem o diz é Herbert Diess, chairman da Volkswagen, a marca líder na Europa e que encabeça o grupo que mais veículos fabricou à escala mundial em 2016.

Os construtores com mais anos de mercado vão acabar por oferecer automóveis tão ou mais sofisticados no que respeita à sua capacidade de se autoconduzirem, mas nunca o conseguirão fazer antes da Tesla. A marca americana começou antes e concebeu os Model S, X e 3 a pensar nesta possibilidade, o que lhe confere uma vantagem muito difícil de anular. Além de estarem preparados para a condução autónoma, os Tesla armazenam informação enquanto circulam, que enviam automaticamente para os servidores da fábrica, o que permite à empresa de Elon Musk ter mais de 760 milhões de milhas de estradas cartografadas ao pormenor (é só multiplicar por 1,61 para ter o valor em quilómetros).

Elon Musk apontou ao futuro mais cedo e essa vantagem competitiva vai ser cada vez mais difícil de combater, reconhece o chairman da Volkswagen

A jovem Tesla afirmou, em várias ocasiões, que estará em condições de proporcionar condução autónoma em 2018, enquanto Diess confessa que “nenhum dos construtores antigos proporá nada similar antes de 2020, na melhor das hipóteses”. E há uma dificuldade extra: enquanto não possuírem uma frota considerável, as marcas tradicionais não vão conseguir armazenar dados sobre as infraestruturas e as condições de tráfego, ensinando o sistema a funcionar e a gerir as situações com que depara no dia-a-dia.

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O Grupo Volkswagen, sobretudo através da Audi, tem protótipos perfeitamente funcionais e em avançado estado de desenvolvimento, mas está entre um e dois anos atrasado face ao rival americano.

Se Elon Musk continuar a actualizar sistematicamente o seu sistema, à medida que ele vai aprendendo com a experiência que vai acumulando, vai ser muito difícil acompanhar a Tesla nos próximos anos”, admite Diess.

O chairman da Volkswagen resume tudo numa frase: “Eu estou convencido que temos de levar Elon Musk muito a sério.” Apesar disso, diz acreditar que o grupo alemão conseguirá fazer melhor, especialmente quando a tecnologia estabilizar e puder impor a sua grande vantagem, que consiste no efeito escala. É que enquanto a Tesla espera em breve produzir 500.000 unidades por ano, o Grupo Volkswagen superou os 10,3 milhões de carros em 2016.