O Carnaval é só na próxima semana, mas o Rio Ave veio a Alvalade preparado para pregar uma partida mais cedo do que o normal ao Sporting. E mais cedo no sentido literal: nos primeiros 25 minutos, onde se pode resumir quase todos os motivos de interesse do encontro, Rui Patrício comemorou da melhor forma o jogo 400 pelos leões com quatro intervenções fantásticas que evitaram o golo visitante. Alan Ruíz, pelo meio, ajudou à festa ao transformar a única chance flagrante de todo o jogo. Mas afinal, quem estava vestido de verde e branco?

Jorge Jesus voltou a baralhar, partir e dar uma nova equipa – a 33.ª diferente em 35 encontros. E metade do naipe foi mexido na defesa: Rúben Semedo foi “castigado” depois das últimas exibições e deu lugar a Paulo Oliveira no eixo central recuado; Bruno César foi “perdoado” após mais um jogo a lateral esquerdo e subiu no terreno, deixando essa vaga para Jefferson. No entanto, a verdade é que ganhou quem foi fiel às cartas que tem na mão e costuma jogar – o Rio Ave. O 4x3x3/4x2x3x1 dos visitantes fez a diferença na primeira parte.

Adrien, de livre direto (as bolas continuam a sair ao lado mas o capitão continua a ser o escolhido), fez o primeiro remate aos quatro minutos, mas esta era mesmo uma noite para o Rio Ave… e para Rui Patrício: aos 11’, desviou para canto um remate cruzado de Gil Dias na área; aos 13’, Krovinovic aproveitou mais uma cratera na defesa verde e branca para atirar com selo de golo para nova grande intervenção para canto; aos 16’, no seguimento de um corte atabalhoado de Schelotto, tirou com uma palmada no ar um golo feito de Gonçalo Paciência.

Ficha de jogo

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Sporting-Rio Ave, 1-0

22.ª jornada da Primeira Liga NOS

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Bruno Esteves (Setúbal)

Sporting: Rui Patrício; Schelotto, Coates, Paulo Oliveira, Jefferson; William Carvalho, Adrien Silva (Palhinha, 81’); Gelson Martins, Bruno César (Bryan Ruíz, 58’); Alan Ruíz (Podence, 65’) e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Beto, Rúben Semedo, Ricardo Esgaio e Castaignos

Treinador: Jorge Jesus

Rio Ave: Cássio; Lionn (Nélson Monte, 19’), Marcelo, Roderick, Rafa Soares; Pedro Moreira (Jaime Pinto, 68’), Tarantini, Krovinovic; Gil Dias, Rúben Ribeiro e Gonçalo Paciência (Guedes, 77’)

Suplentes não utilizados: Rui Vieira, Vilas Boas, Bruno Teles e João Novais

Treinador: Luís Castro

Golos: Alan Ruíz (20’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rafa Soares (27’), William Carvalho (45’), Adrien (56’), Alan Ruíz (57’), Tarantini (60’), Nélson Monte (73’) e Gelson Martins (90+2’)

Devemos sempre tentar fugir aos chavões mas já se sabe como é no futebol – quem não marca arrisca-se a sofrer. E foi mesmo isso que aconteceu, logo na primeira oportunidade. E o “herói” do lance até já tinha merecido alguns assobios da bancada: William conseguiu ganhar a bola numa insistência, lançou o embalado Gelson Martins, Cássio ainda travou o primeiro remate mas, na recarga, Alan Ruíz encostou de forma oportuna para o 1-0. De notar que este foi o terceiro encontro consecutivo do argentino a marcar, naquele que está a ser o melhor período da época.

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Os leões passavam para a frente do marcador um pouco sem saber ler nem escrever, mas nem isso desmoralizou os visitantes, que voltaram a colocar Rui Patrício à prova num remate em jeito de fora da área de Rúben Ribeiro para a melhor defesa (pelo menos em termos estéticos) do melhor guarda-redes do último Campeonato da Europa. Até ao intervalo, aí num ritmo mais morno, o Rio Ave não foi em nada inferior a não ser no resultado.

O segundo tempo foi diferente, quase como aqueles jogos de xadrez onde se sacrificam peças para na jogada seguinte ficar em igualdade no tabuleiro. Jesus fez correções oportunas, nomeadamente na forma como os leões reagiam na transição defensiva à perda de bola: subiu a primeira linha de pressão, equilibrou o corredor central sobretudo com a entrada de Bryan Ruíz (que pode estar muito abaixo do ano passado mas continua a ser um elemento inteligente na forma como percebe os momentos de jogo) e esvaziou as hipóteses forasteiras de perigo. Luís Castro ainda arriscou ao abdicar do pivot defensivo Pedro Moreira em detrimento do veloz Jaime Pinto, mas não mais o cariz da partida iria mudar. Foi quase um jogo sem balizas, onde a transpiração goleou a inspiração. E o resultado estava feito.

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À nona foi de vez: o Sporting ainda não tinha conseguido terminar qualquer jogo em 2017 sem sofrer golos (entre Primeira Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga) mas deixou o Rio Ave a zeros, muito por culpa de um inspirado Rui Patrício

O Rio Ave merecia mais pelo que fez na primeira parte? Sim. Mas a verdade é que, mesmo numa das exibições mais fracas da época, o Sporting conseguiu voltar a acabar um jogo sem sofrer golos (algo que ainda não tinha acontecido em 2017, em oito encontros) e somar a segunda vitória consecutiva pelo mérito de perceber e corrigir os problemas da primeira meia hora. E agora fica à espera do que acontecerá amanhã em Braga: em caso de vitória do Benfica, passa a somar mais seis pontos do que o quarto classificado; em caso de triunfo do Sp. Braga, passa a estar a sete pontos do Benfica, sendo que ainda tem de receber os encarnados na segunda volta.

Esta Primeira Liga ainda pode ter muito para contar. Mesmo que aquilo que aconteça em campo não corresponda de forma fidedigna ao que fica depois no resultado.