Quase uma semana depois do homicídio do meio-irmão do ditador norte-coreano, Kim Jong Un, o jornal britânico The Guardian publica uma entrevista exclusiva com um amigo da vítima, que diz que Kim Jong Nam estava “preocupado” e “paranóico” com a sua segurança depois de ter escolhido sair da Coreia do Norte. “Ele tinha medo. Não era um medo avassalador, mas ele estava paranóico”, disse ao The Guardian Anthony Sahakian, que conheceu Kim Jong Nam quanto ambos tinham “12 ou 13 anos” num colégio privado em Genebra, na Suíça. “Ele era uma pessoa politicamente importante. Ele estava preocupado. Claro que estava preocupado.”

Kim Jong Nam, filho de uma relação entre o ditador norte-coreano falecido em 2011, Kim Jong-Il, e uma atriz daquele país, é descrito pelo seu amigo de infância como alguém que “não estava interessado no poder”. “Ele nunca teve nenhuma ambição de liderar o país”, referiu Anthony Sahakian ao The Guardian. “Ele não aceitava nem valorizava o que se passava lá. Mantinha uma relação distante com o regime.”

“Ele estava muito triste com a situação no seu país. E ele tinha muita pena do seu povo. E isso aumentava a pressão sobre ele, porque ele não podia fazer nada contra isso”, acrescentou.

Investigação ao homicídio continua, Coreia do Norte desconfia

Os contornos do homicídio de Kim Jong Nam — filho do ditador Kim Jong-Il, que morreu em dezembro de 2011, e que tem uma mãe diferente do que o atual líder, Kim Jong Un — não são claros. O incidente deu-se em Kuala Lumpur, na Malásia, quando o meio-irmão do atual líder norte-coreano aguardava um voo para Macau, no dia 13 de fevereiro. Foram todos detidos, além de um quarto indivíduo de nacionalidade malaia mas que levava um passaporte vietnamita falso.

Kim Jong-nam, filho mais velho do falecido líder da Coreia do Norte Kim Jong-Il, que estaria a aguardar um voo para Macau, foi assassinado na segunda-feira no aeroporto de Kuala Lumpur, capital da Malásia, alegadamente por duas mulheres ainda envoltas em mistério. De acordo com um vídeo de vigilância daquele aeroporto, Kim Jong Nam terá sido atacado por duas mulheres malaias, uma das quais parece ter-lhe colocado um pano sobre o rosto de surpresa. Especula-se que o pano podia estar impregnado com um veneno mortal.

Depois da primeira autópsia ao corpo ter sido considerada inconclusiva, a Malásia deu início a um segundo procedimento, o que desagradou à Coreia do Norte, que prometeu rejeitar todos os resultados e exigiu que o corpo lhe seja imediatamente entregue. Em declarações aos jornalistas à saída da morgue na sexta-feira, o embaixador norte-coreano na Malásia disse que os dirigentes malaios podem estar a “tentar esconder algo” e “em conluio com forças hostis”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR