Suposta vítima dos nazis, o nome de Franz Anton Stapf consta em memoriais de homenagem a todos os judeus que morreram no Holocausto, como o Hollandsche Schouwburg, um antigo teatro na Holanda hoje museu, e no Yad Vashem, em Jerusalém. Mas tudo não passou de um engano e a sua verdadeira identidade acabou por ser revelada através de um livro e de uma exposição com as suas fotografias. Ao contrário do que se pensava, Stapf, fotógrafo de profissão, nasceu na cidade alemã de Frankfurt e não era judeu, era sim um simpatizante de Hitler, conta o El País.

Mas como é que Franz Anton Stapf foi dado como morto nos campos de concentração? Uma confusão administrativa, descoberta agora, revelou que o fotógrafo desapareceu durante a guerra. Agora, e depois de desfeita a troca, o arquivo municipal resolveu aproveitar as suas fotos e as de outros profissionais para ilustrar e contar uma parte daquela que foi uma das maiores tragédias da história. “Cidade em Guerra”, assim se chama a exposição onde se encontram as imagens que mostram a vida quotidiana, entre 1940 e 1945, nas regiões ocupadas pelos alemães durante a guerra.

Em 1950, o processo de Staph foi dado como finalizado e ele foi dado como desaparecido ou morto no pós-guerra. Uma década depois, foi então feita uma lista oficial para homenagear todos os judeus que foram mortos, com cerca de 100 mil nomes, entre eles, o seu. O seu passado [Franz Anton Stapf] foi investigado mas não se encontrou nada, e deram o caso como encerrado”, admitiu Erik Somers, investigador do Instituto para o Estudo da Guerra, Holocausto e Genocídio e uma das pessoas que assina o livro que acompanha a exposição “Cidade em Guerra”.

Uma das fotos tiradas por Franz Anton Stapf e que agora se encontram em exposição

O livro “Stad in Oorlog” – Cidade em Guerra, em português – acerca de Stapf

No entanto, e para juntar ao erro que motivou a falha na sua identificação, um dos soldados, de nacionalidade canadiana, que ajudou a combater a II Guerra Mundial conseguiu adquirir os negativos de cerca de cinco mil fotos de Stapf, o que tornou muito mais difícil a reconstrução do trajeto do fotógrafo por parte dos investigadores, conta Somers. Ainda assim, e para sua grande sorte, um professor da Universidade British Columbia do Canadá devolveu-os em 1981, o que foi uma mais valia e um grande contributo, não só para a exposição e para o livro, como também para a revelação do verdadeiro Franz Anton Stapf.

Staph, que acabou por morrer no ano de 1977, deixou a sua terra-natal na Alemanha, por motivos económicos, e rumou em direção à Holanda, onde criou um reconhecido estúdio de fotografia, o Stapf Bilderdienst. Os seus trabalhos chegaram a aparecer nos meios de comunicação nazis da Holanda e da Alemanha e foram considerados, por muitos, um estímulo ao antissemitismo.

Agora, e com o objetivo de corrigir o erro, o museu holandês Hollandsche Schouwburg está à procura de maneiras para apagar o nome de Franz Anton Stapf gravado no memorial.

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