A avioneta que caiu durante a noite de segunda-feira junto a um centro comercial perto da cidade australiana de Melbourne explodiu numa “enorme bola de fogo”, com a polícia a informar que nenhuma das cinco pessoas a bordo sobreviveu. O avião Beechcraft virou na direção do centro comercial, que ainda estava fechado, junto ao aeroporto de Essendon, logo após a descolagem às 9h00 locais de terça-feira (22h00 de segunda-feira em Lisboa).

“[Estavam] cinco [pessoas] no avião e parece que ninguém sobreviveu à queda”, disse o comissário assistente da polícia de Victoria, Stephen Leane. O líder do Governo no estado de Victoria, Daniel Andrews, disse que este foi o pior acidente aéreo do estado em três décadas. O charter privado que se deslocava de Essendon, norte de Melbourne, para King Island, 55 minutos para sul, por pouco não caiu numa autoestrada com trânsito intenso. Imagens televisivas mostram destroços queimados, chamas e danos significativos no centro comercial e edifícios adjacentes.

Uma coluna de fumo negro foi avistada depois do que testemunhas descrevem como uma explosão. “Parece que um avião leve, um voo fretado, impactou o DFO (Direct Factory Outlet) em Essendon Fields”, disse a ministra da Polícia do estado australiano de Vitoria, Lisa Neville.

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Ainda faltava uma hora para o centro comercial abrir e as autoridades confirmaram que ninguém no interior ficou ferido. Um taxista que ligou para a emissora ABC descreveu uma “enorme bola de fogo”. “Vi o avião. Quando atingiu o edifício viu-se uma enorme bola de fogo. Podia sentir o calor através da janela do táxi, e depois uma roda, parecia a roda de um avião, saltou para a estrada e embateu contra a frente do táxi”, disse.

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O superintendente da polícia de Victoria, Mick Frewen, indicou que as investigações estão centradas numa “falha catastrófica do motor”. O avião lançou um pedido de ajuda antes de cair, acrescentou. Um trabalhador do centro comercial disse ao canal Sky News que viu “uma bola de fogo rebentar no ar”. “Parecia que uma bomba tinha explodido”, comentou. Michael Howard, 29, disse à ABC que viu um “flash azul”. “Estava a olhar pela janela e de repente vi um flash azul e subitamente uma enorme bola de fogo. Parecia tirado de um filme”, descreveu.

Piloto estava sob investigação

O piloto, identificado como Max Quatermain, tinha um histórico de manobras perigosas e já tinha estado muito perto de provocar acidentes graves. A última vez foi uma “quase colisão” com outra aeronave em Mount Hotham, em setembro de 2015, o que levara as autoridades de segurança aérea do país (Australian Transport Safety Bureau) a iniciar uma nova investigação e a ponderar a suspensão da sua licença de piloto.

Em causa esteve um voo que tinha como destino o aeroporto de Mount Hotham e que demorou 87 minutos, muito mais que os habituais 38 minutos. Na altura, o piloto levava um grupo de clientes da Audi para um resort e esteve à beira de uma colisão com outro avião de passageiros que partira de Sidney com o mesmo destino, o que o fez falhar a primeira tentativa de aterragem, conta o Sidney Morning Herald.

No relatório sobre o incidente, o piloto do outro avião classificou as manobras de Max Quatermain como “perigosas”e lembrou que podiam ter resultado na morte das 18 pessoas que seguiam a bordo dos dois aviões. Mas a investigação, contudo, atrasou-se mais de oito meses devido “à sobrecarga de trabalho do investigador”, que deu entretanto prioridade a outros casos. O departamento público que tutela esta área na Austrália espera agora que o relatório final esteja concluído em Maio deste ano.

O profissional de 63 anos tinha licença para pilotar há mais de 38 e, de acordo com a associação de aviação empresarial e de lazer do país, Max Quatermain tinha uma “folha de registos impecável”.