Com Alex se morre, com Alex se mata. Em 2015, Pinto da Costa voltou a impressionar a Europa com mais um negócio da China (nunca este termo se aplicou tão bem como agora, olhando para as capas dos jornais desportivos todos os dias), vendendo Alex Sandro à Juventus por 26 milhões de euros. Layun fez uma época no posto mas, em 2016, outro Alex, neste caso Telles, aterrou na Invicta para reforçar o FC Porto e por um preço bem mais em conta: 6,5 milhões. Quando parecia tudo encaminhado para mais um jackpot nos cofres dos dragões, uma noite pode ter deitado tudo por terra. Uma noite não, dois minutos. O tempo que foi preciso para Alex Telles ser expulso com dois amarelos a pouco mais de 15 minutos do final da primeira parte. E o tempo que foi preciso para Alex Sandro ajudar o ataque da Juventus a marcar dois golos a pouco mais de 15 minutos do final da segunda parte.

Ficha de jogo

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FC Porto-Juventus, 0-2

Primeira mão dos oitavos-de-final da Champions

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Marcano, Alex Telles; Rúben Neves (Corona, 61′), Danilo, Herrera, Brahimi (Diogo Jota, 73′); Soares e André Silva (Layun, 30′)

Treinador: Nuno Espírito Santo

Suplentes não utilizados: José Sá, Boly, André André e Óliver Torres

Juventus: Buffon; Lichtsteiner (Dani Alves, 73′), Barzagli, Chiellini, Alex Sandro; Khedira, Pjanic; Cuadrado (Pjaca, 67′), Dybala (Marchisio, 86′), Mandzukic e Higuain

Treinador: Massimiliano Allegri

Suplentes não utilizados: Neto, Rugani, Benatia e Asamoah

Golos: Pjaca (72′) e Dani Alves (74′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Alex Telles (25′ e 27′), Maxi Pereira (45+2′), Lichtsteiner (50′), Herrera (85′) e Marcano (89′); cartão vermelho por acumulação a Alex Telles (27′)

Agora é fácil dizer que a Juventus é melhor, muito melhor. Mas até aos 25 minutos, se existe essa diferença ela esteve bem camuflada. Aliás, com mais ou menos bola, a verdade é que os dois grandes protagonistas do encontro na antevisão, Casillas e Buffon, não tiveram sequer de fazer uma defesa. Depois, veio a expulsão. E a saída de André Silva, por troca com Layun. E o desastre total. Cuadrado, ainda antes da meia hora, rematou de fora da área a rasar o poste. Logo de seguida, foi a vez de Khedira cabecear pouco ao lado. No primeiro minuto de compensação antes do intervalo, e já depois de Higuain ter testado os reflexos de Casillas, Dybala teve pontaria a mais e acertou no poste dos azuis e brancos, que não conseguiam sequer à área dos italianos.

O descanso poderia trazer a acalmia e o discernimento que tinham faltado ao conjunto de Nuno Espírito Santo após a expulsão de Alex Telles, mas o golo anulado a Dybala logo no primeiro minuto depois do reatamento voltou a inclinar o campo. Parecia um daqueles treinos onde o ataque testa a defesa num campo com apenas uma baliza, e assim ficaria até ao final não fosse um cabeceamento de Herrera ao lado logo aos 48′. Khedira e Higuain voltaram a ameaçar mas golos, zero.

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Seria o FC Porto capaz de controlar as investidas da Juventus, sempre a procurar dar largura ao seu jogo ofensivo para cruzar para a área onde estavam dois, três, quatro elementos? Até pareceu a certa altura que sim. A quem via e a Nuno Espírito Santo, que abdicou de Rúben Neves ao lado de Danilo (erro crasso) para lançar Corona em busca de mais velocidade nas transições ofensivas.

Mas se o cofre da baliza dos dragões estava fechado, Massimiliano Allegri, técnico da Vecchia Signora, foi ao banco encontrar o crédito para ganhar uma vantagem quase decisiva na eliminatória: primeiro foi Pjaca, aos 72′, a aproveitar um corte de Layun para a carreira de tiro e a fazer o 1-0; a seguir foi Dani Alves, aos 74′, acabadinho de entrar, a receber um cruzamento de Alex Sandro na área para fuzilar Casillas para o 2-0. Nuno mexeu e não melhorou, Allegri mexeu e marcou. E a vitória até podia ter sido mais expressiva se Khedira, isolado, não atirasse a rasar o poste.

O FC Porto até fez os dois primeiros remates à baliza, por Brahimi (livre direto) e Rúben Neves (fora da área), mas ficou condicionado pela expulsão de Alex Telles e faria apenas mais uma tentativa aos 48′ por Herrera. No total, nenhum disparo foi enquadrado com a baliza de Buffon

Com este resultado, a Juventus, que continua sem perder com o FC Porto (três vitórias, uma delas na final da Taça das Taças de 1984, e um empate), tem pé e meio nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Aos dragões, resta um milagre. E mesmo assim pode não chegar – em dois minutos, num pequeno instante, tudo pode mudar.