Yannick Jadot, o ecologista candidato às presidenciais francesas, abdicou da corrida e apoiará o socialista Benoît Hamon, que foi eleito o candidato da esquerda nas primárias onde derrotou Manuel Valls, ex-primeiro-ministro francês.

Era uma manobra esperada, uma vez que a esquerda precisa de reunir forças debaixo de um projeto o mais coeso possível, se quer ter alguma hipótese na primeira volta das presidenciais. Para selar o apoio Jadot acordou com a equipa de Hamon alguns pontos que deverão ser incluídos no agora mais verde manifesto de Hamon. Segundo avança o Libération, Jadot terá garantido que Hamon não apoiará a construção do aeroporto de Notre-Dame-des-Landes, perto da cidade de Nantes, nem a instalação de uma lixeira para o armazenamento definitivo de resíduos radioativos, que estava prevista para a cidade de Bure. O novo manifesto estará a votos, na internet, durante quarenta e oito horas entre sexta-feira e domingo.

O completo abandono do nuclear até 2045 também terá sido mencionado na reunião, tal como uma discussão séria sobre a complexa questão da instauração de uma Sexta República, uma remodelação constitucional que é há muito bandeira da esquerda, que considera que o poder do Presidente se equipara ao de um monarca, e não tem lugar num regime republicano.

“O meu objetivo é que o próximo presidente seja um ambientalista. A vitória de Benoît Hamon como candidato da esquerda mudou a paisagem política e deu a todos uma responsabilidade” , disse Jadot. Já Hamon mostrou-se “feliz” com o acordo com o ambientalista que permitirá “preparar as grandes vitórias ambientais de amanhã”.

A pressão recai agora sobre Jean-Luc Mélenchon, um candidato ainda mais à esquerda que Hamon. E agora? Junta-se a Hamon ou concorre sozinho, dividindo a esquerda? É uma questão que terá de ser resolvida rapidamente. Os ecologistas estão com Hamon e os comunistas, que são o núcleo duro de Mélenchon, também encontram na candidatura de Hamon, e agora com os verdes ainda mais, vários pontos em comum com os socialistas. “Temos que mostrar que somos capazes de reduzir o número de candidatos na esquerda. Vamos reunir-nos à volta de Benoît”, terá dito um dos conselheiros mais próximos de Mélenchon.

Esta espécie de acordo pré-eleitoral de Hamon com Jadot pode acabar por “irritar” o eleitorado socialista — é que muitos já consideram Hamon um candidato demasiado à esquerda, sem os verdes a apoiá-lo.

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