Mar-a-Lago, ou Casa de Branca de Inverno, tem sido um dos locais de eleição de Donald Trump desde que tomou posse. Em vez de Camp David, a escolha dos seus antecessores como alternativa a Washington, Trump tem optado pela sua mansão na Florida para encontros, reuniões ou simples fins de semana de trabalho.

Mas se é verdade que só Trump tornou o resort (que comprou) naquilo para que ele foi construído (ser a casa de verão dos presidentes americanos), as empresas, os vizinhos e os trabalhadores da mansão em Palm Beach não se têm mostrado muito entusiasmados com a estadia prolongada do presidente norte-americano nas suas paragens, conta o El Español. Tudo por causa das apertadas medidas de segurança e outras limitações de ter um dos grandes líderes mundiais nas redondezas, muitas vezes recebendo outros presidentes e dirigentes estrangeiros.

As reuniões de negócios, os eventos, as festas e os jantares animados no resort de luxo têm sido uma dor de cabeça para Jorge Gonzalez, um empresário de aviação publicitária, com sede em Palm Beach, que conta que já perdeu 42 mil dólares – cerca de 39 mil euros – por causa de Trump.

Temos sido proibidos de voar desde que o presidente está aqui. Já são três fins-de-semana em terra e os serviços secretos não nos dão uma solução para isso. Se isto continuar desta maneira, vou ter de encerrar a empresa”, admitiu Gonzalez, responsável pela SkyWords, acrescentando que vai ter de dispensar alguns dos seus empregados em breve.

Afinal, o que é que Mar-a-Lago de Trump tem?

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Mas a situação não afetou só esta empresa, prejudicou ainda todas aquelas relacionadas com a aviação, de caráter privado, ligadas ao aeroporto Lantana, o mais próximo de Mar-a-Lago, como escolas de aviação, empresas de aluguer de aviões e jatos privados e de abastecimento de combustível.

Os trabalhadores e funcionários de outros setores também se queixaram das restrições impostas com a permanência de Trump em Palm Beach. “Os trabalhadores que se dedicam a conservar e a tratar das piscinas da ilha também estão a ser prejudicados”, revela Gustavo, jardineiro que tem tido as suas horas de trabalho e o seus salário reduzidos. “De sexta-feira a partir das três da tarde e até à segunda-feira de manhã têm-nos proibido de entrar. Isto tudo por causa dos controlos de segurança e de trânsito que estão a ser feitos na ilha e criam enormes engarrafamentos. Então, para diminuir isso, dispensam-nos durante o fim de semana, que é quando há mais trabalho”, acrescenta, em declarações ao El Español. Também o setor público, nomeadamente os trabalhadores municipais, estão proibidos de entrar em Palm Beach durante aquelas horas.

Uma das imagens da Mar-a-Lago de Trump

Os vizinhos também não escaparam aos aborrecimentos. A partir do momento em que o presidente norte-americano chegou a Palm Beach, os dois únicos transportes que fazem a rota de entrada e saída da ilha ficaram suspensos. “Algumas pessoas ficam orgulhosas e felizes que Trump esteja a passar a maioria do tempo aqui, mas querem que o trânsito flua para poder ir trabalhar”, afirmou Jorge Gonzalez, que vive perto daquela zona.

De acordo com o Politico, os custos das visitas do Presidente dos EUA têm sido alvo de polémica e contestação. Só com a contratação de segurança privada para proteger a mansão e com o reforço da Guarda Costeira – devido a Mar-a-Lago estar localizada junto à costa -, os valores chegam a rondar os três milhões de dólares (cerca de 2,8 milhões de euros).

Acusado de anteriormente criticar Obama pelos gastos excessivos em viagens, Donald Trump é apontado por já ter custado mais dinheiro aos contribuintes norte-americanos num mês do que Barack Obama num ano, mais precisamente 10 milhões de euros, cerca de três milhões por viagem.