Em tempos, foi visto como o maior mercado automóvel europeu em potência, o único capaz de superar o alemão. Porém, desde que alcançou o seu máximo histórico, de quase 3 milhões de unidades vendidas em 2012, o mercado russo tem vindo a registar consecutivas quebras, acabando por valer, o ano passado, praticamente metade desse valor.

Junte-se a isso as sanções internacionais impostas ao país presidido por Vladimir Putin, e poucos seriam os que esperavam que uma marca automóvel de dimensão mundial decidisse investir fortemente na Rússia. Até porque houve quem optasse por abandonar o país, como aconteceu com a General Motors há dois anos atrás. Mas foi, justamente, esse o caminho escolhido pelo Grupo Daimler, que acaba de anunciar aquele que é o primeiro grande investimento de um fabricante ocidental no país desde que, em 2014, lhe foram impostas as referidas sanções (que não impedem os investimentos no sector automóvel), em resultado do conflito com a Ucrânia.

O conglomerado germânico vai instalar uma nova fábrica em solo russo, a cerca de 40 km de Moscovo, a qual, a partir de 2019, estará apta a produzir 20 mil automóveis anualmente, entre a berlina da Classe E e um (ou mais) SUV não especificado(s).

Apesar de já produzir camiões no país, em parceria com a local Kamaz, esta é a primeira unidade fabril da marca da estrela no território destinada ao fabrico de automóveis ligeiros, estando previsto que seja, ainda, responsável pela criação de cerca de mil novos postos de trabalho, a que se juntarão os criados pelos seus fornecedores de serviços e cadeia de fornecedores.

Em comunicado, o responsável de produção da Mercedes, Markus Schaefer, referiu que “a Rússia é de importância estratégica para a Mercedes-Benz e um atractivo mercado em crescimento”. Recorde-se que a Rússia é um dos principais mercados europeus para a Mercedes, que aí lidera as vendas, entre as marcas premium, há já quatro anos consecutivos, e onde a recuperação parece estar, finalmente, em marcha, prevendo-se para 2017 um aumento das vendas da ordem dos 4%. Importante para esta decisão poderá ser, igualmente, a redução dos custos de produção para os fabricantes locais derivada da desvalorização do rublo.

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