A poucos dias da cerimónia de entrega dos Óscares em Los Angeles — a primeira sob a presidência Trump –, o El País recordou a “guerra aberta de Trump contra os Óscares” ao longo dos últimos cinco anos. Desde 2012, Donald Trump tem usado a sua conta pessoal do Twitter para atacar repetidamente as escolhas da Academia e os vencedores, e já levou várias vezes respostas à altura. Ao contrário do que acontecia até 2011, Donald Trump não vai estar presente na cerimónia, mas o novo presidente deverá seguramente ser um dos assuntos da noite, sobretudo tendo em conta a última edição dos Globos de Ouro e as críticas por parte de estrelas de Hollywood de que Trump tem sido alvo.

Foi em 2012 que Trump, não tendo sido convidado para a cerimónia, começou os seus ataques via Twitter. Naquele ano, o seu principal alvo foi Sacha Baron Cohen, o ator de Ali G. que já tinha uma relação complicada com Donald Trump. “O Sacha Baron Cohen é um idiota que devia esmurrado pelos guarda-costas”, escreveu o agora presidente dos Estados Unidos no Twitter. Cohen e Trump já tinham uma relação complicada desde a presença do magnata num programa de entrevistas apresentado pelo ator, que viria a motivar, mais tarde, um conjunto de trocas de acusações entre os dois.

Nos anos seguintes, viriam a multiplicar-se os ataques e críticas aos protagonistas dos Óscares. Em 2013, Trump ainda se mostrou agradado com a escolha de Seth MacFarlane como apresentador da noite, mas rapidamente avançou para as críticas duras, afirmando que Django Libertado, vencedor do Óscar de melhor argumento original e melhor ator secundário, era “o filme mais racista que já vi, não presta”.

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Em 2014, Trump considerou a cerimónia tão má que até se candidatou a apresentar ele próprio a noite dos Óscares. “Eu devia apresentar os Óscares para abanar isto”, escreveu no Twitter. E foi continuando: “Isto é a noite dos amadores? Quem raio é que está à frente da produção?” ou “Foi o presidente Obama que esteve à frente dos Óscares deste ano? Fazem-me lembrar o site do Obamacare”. Na mesma edição dos prémios, Trump atacou duramente a apresentadora Ellen DeGeneres, que, já depois da eleição de Trump, viria a ser uma das principais críticas da presidência do milonário.

No ano seguinte, Trump começou a vestir a sua pele de político, antecipando o que viria a ser a sua presidência. “Os Óscares são uma piada triste, tal como o nosso presidente. Tanta coisa que está mal”, escreveu, acrescentando depois que “os Óscares foram uma grande noite para o México, e porque não? Estão a separar os Estados Unidos mais do que qualquer outro país”. Em 2015, o filme Birdman, realizado pelo mexicano Alejandro González Iñárritu, arrecadou a maioria dos prémios mais importantes.

Em relação aos Óscares deste ano, a influência de Trump já começou. O decreto que impede a entrada de cidadãos oriundos de sete países de maioria muçulmana já pôs em causa a presença do realizador iraniano Asghar Farhadi, que está nomeado na categoria de melhor filme estrangeiro com o filme “O Vendedor”. Farhadi confirmou depois que não iria mesmo à cerimónia, “mesmo que se verificassem exceções que permitissem” a viagem, uma vez que as medidas “são inaceitáveis”.