Israel vai deixar de emitir vistos a trabalhadores da Human Rights Watch (HRW), por considerar que a organização não-governamental é “fundamentalmente parcial” em relação ao Estado judaico. O grupo sediado em Nova Iorque, que tem escrito relatórios críticos sobre a ocupação israelita dos territórios palestinianos, pediu há meses um visto para o seu diretor em Israel e na Palestina, o norte-americano Omar Shakir. A 20 de fevereiro, as autoridades israelitas informaram que o pedido tinha sido rejeitado porque a HRW “não é um verdadeiro grupo de direitos humanos”, revelou a ONG em comunicado.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Emmanuel Nahshon, confirmou a decisão à agência AFP.

A HRW, disse, “demonstrou repetidamente que é uma organização fundamentalmente parcial e anti-Israel, com uma agenda claramente hostil”.

Nahshon acrescentou, no entanto, que o grupo não foi banido e os seus funcionários israelitas e palestinianos podem continuar a trabalhar em Israel e a publicar relatórios. “Mas por que havermos de dar vistos de trabalho a pessoas cujo único objetivo é denegrir-nos e atacar-nos?”, questionou.

O Governo de Israel tem sido acusado de pressionar organizações de direitos humanos internacionais e locais. “Estamos genuinamente chocados. Trabalhamos em mais de 90 países em todo o mundo. Muitos governos não gostam das nossas descobertas, bem fundamentadas, mas a resposta não é calar o mensageiro”, disse Shakir, em resposta à decisão.

No ano passado, a HRW publicou um relatório em que detalhou como as empresas internacionais e israelitas a operar nos colonatos na Cisjordânia estavam a contribuir para abusos de direitos humanos. “Os negócios nos colonatos inevitavelmente contribuem para as políticas israelitas que privam e descriminam palestinianos, ao mesmo tempo que lucram do roubo, por Israel, das terras palestinianas e outros recursos”, escreveu a organização na altura.

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