Uma associação de apoio ao doente com cancro digestivo do Porto tem desde 2009 em curso um Projeto de Prevenção Escolar Alimentar que já chegou a mais de dois mil alunos do 2.º ciclo do ensino básico da região.

Direcionado a alunos com idades entre os 11 e 13 anos, o Projeto de Prevenção Escolar Alimentar (PPEA) “envolve, por ano, três escolas e quatro turmas em cada uma delas” e destina-se “a mudar comportamentos e ambientes“, explicou à Lusa o presidente da Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, Europacolon Portugal, que lançou o PPEA em 2009.

“O trabalho começa com a medição antropométrica [as medidas e dimensões das diversas partes do corpo humano] dos alunos e, ao longo do ano letivo, há uma atividade contínua com a colaboração dos professores, concluindo-se este com nova medição para avaliar os progressos havidos”, referiu o responsável, Vítor Neves.

Pelo meio, o projeto faz também uma “sensibilização ao nível dos produtos disponíveis nas máquinas de ‘vending’ e nas cantinas, disponibilizando uma nutricionista para fazer esse acompanhamento”, acrescentou.

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Criada em 2006, a associação “tem como função primordial a diminuição do número de mortes por cancro do intestino e apoiar doentes e familiares, melhorando a sua qualidade de vida, tendo em 2014 alargado o seu âmbito a todas as patologias oncológicas do foro digestivo”, relatou Vítor Neves.

“Com 13 mil novos casos de cancro digestivo por ano em Portugal e 24 mortes por dia“, o presidente da associação defendeu ser “a prevenção o melhor caminho, num processo em que todos, desde o cidadão ao Estado, ficarão a ganhar”.

Apoiado pelo Ministério da Saúde, o PPEA intervém neste escalão etário por ser uma idade em que começam a estar sensibilizadas para a mudança, explicou o responsável segundo o qual o projeto chegou já a duas mil crianças, desde que foi lançado em 2009.

Inserido no projeto, a Europacolon promove ações nas escolas envolvidas duas a três vezes por ano “para, a troco de prémios, sensibilizar os jovens a provar certos alimentos, desafiando-os a comer dois de três: salada, sopa e fruta”. “Muitos deles até comem o que nunca tinham comido. Esta é a atitude cultural e educacional que queremos implementar numa sociedade em que, por vezes, é mais fácil colocar uma piza no micro-ondas ou beber um refrigerante em vez de um copo de água”, frisou.

Num processo em que, reiterou, “todos têm de ser sensibilizados, a começar pelos familiares dos alunos”, Vítor Neves defendeu que “quem estiver disponível para ajudar nessa mudança tem de ter benefícios”.

“Com estas atitudes lúdicas, estamos a conseguir transmitir às crianças ideias para novos comportamentos e hábitos como, por exemplo, consumir alimentos naturais”, explicou.

E continuou: “A experiência diz-nos, quer pelo registos quer pelas ações de formação, que a taxa de incidência oncológica é muito superior no interior do que no litoral de Portugal, dado o tipo de carnes processadas e enchidos que consomem”.

Do leque de apoios que a associação disponibiliza, o teste RAS, que analisa o gene com o mesmo nome, destina-se aos doentes com cancro do intestino metastático “permitindo averiguar a eficácia de um determinado tratamento”, numa ajuda que se estende à logística.

Pelo terceiro ano consecutivo, em parceria com as farmácias Holon, a Europacolon vai proceder até ao final de abril nas 176 farmácias espalhadas pelo país, “ao rastreio colorretal gratuito a pessoas com 50 ou mais anos”, informou.