O representante do regime de Damasco nas negociações de paz na Síria exigiu este sábado em Genebra que a ONU e a oposição condenem o terrorismo, após os ataques suicidas perpetrados contra os serviços de informação sírios em Homs. “Pedimos a Staffan de Mistura [enviado especial da ONU para a Síria] para fazer uma declaração a condenar os ataques em Homs. Exigimos a mesma declaração por parte de todos os participantes no processo de Genebra (oposição)”, disse o chefe da delegação do regime de Damasco, Bashar al-Jaafari.

Logo a seguir, o chefe da delegação da oposição síria nas negociações de paz em Genebra, Suíça, condenou “o terrorismo e os terroristas”, após os ataques suicidas perpetrados contra os serviços de informação militares sírios em Homs (oeste da Síria).

“A nossa posição é clara, condenamos o terrorismo e os terroristas, condenamos o Daesh [acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico] e a Al-Nosra [ex-braço da Al-Qaida na Síria]”, afirmou Nasr al-Hariri, numa conferência de imprensa em Genebra.

Os ataques suicidas perpetrados este sábado em Homs (oeste da Síria) tiveram como alvo duas bases dos serviços de informação militares sírios e mataram pelo menos 42 pessoas, segundo dados do Observatório sírio dos Direitos Humanos. Entre as vítimas mortais está o chefe dos serviços de inteligência militar, o general Hassan Daabul, um elemento próximo do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

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Os ataques foram reivindicados por um ex-núcleo da Al-Qaida na Síria, a organização Jabhat Fateh al-Sham (anteriormente designada como Frente Al-Nosra). “Qualquer parte que recuse condenar os ataques deste sábado, vamos considerar essa parte como um cúmplice do terrorismo”, afirmou o representante das autoridades de Damasco, depois de um encontro com Staffan de Mistura.

Bashar al-Jaafari acrescentou que também espera este sábado uma tomada de posição por parte da oposição síria. “Hoje, esperamos que a oposição condene o terrorismo”, salientou o chefe da delegação de Damasco, acrescentando que aquilo que aconteceu em Homs, a terceira maior cidade da Síria, representou “uma sombra” em Genebra. “Não foi só um ataque terrorista militar, mas também um ataque político”, frisou.

“O que aconteceu hoje não passará despercebido e vamos reagir (…). O sangue dos sírios é precioso e aqueles que matam sírios também serão punidos”, concluiu.

Poucas horas antes destas declarações de Bashar al-Jaafari, o enviado especial da ONU afirmou que os ataques deste sábado pretendiam perturbar as negociações de paz. “Sempre que temos negociações, há sempre alguém a tentar inviabilizar o processo. Estávamos à espera disto”, disse Staffan de Mistura, quando questionado pelos jornalistas sobre os ataques. À pergunta se estes ataques iriam afetar as negociações patrocinadas pela ONU, o veterano diplomata italo-sueco disse: “Espero que não, mas foi trágico”.

As negociações de paz na Síria começaram na quinta-feira, em Genebra, sob a égide das Nações Unidas, e com a presença de delegações do regime de Damasco e da oposição síria.