Paulo Núncio pode ter tentado estancar o problema político, assumindo essa quota de responsabilidade na questão dos 10 mil milhões de euros que saíram para offshores, entre 2011 e 2014, sem controlo do fisco, mas ficou longe de convencer a esquerda. PS e Bloco de Esquerda e agora também o PCP concordam numa coisa: Paulo Núncio confirmou a responsabilidade do Governo PSD/CDS no caso e a situação deve continuar a ser apurada.

O líder parlamentar comunista, João Oliveira veio dizer este domingo que a posição do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do anterior Governo “confirma a responsabilidade política de PSD e CDS e da sua política de dois pesos e duas medidas. E não dispensa o esclarecimento cabal de toda a extensão dessa responsabilidade política neste escândalo em que 10 mil milhões voaram do país”, sem controlo do fisco.

Offshores. Paulo Núncio assume “responsabilidade política” e abandona funções no CDS

O PCP reafirma que “não prescinde de nenhum instrumento parlamentar” para o esclarecimento do caso. Ou seja, por agora o Parlamento vai fazer audições a alguns responsáveis (incluindo Núncio e o atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade), mas não fica posta de parte a possibilidade de vir a existir uma comissão de inquérito parlamentar”. “A responsabilidade política de PSD e CDS deve ser apurada em toda a sua dimensão e extensão, utilizando todos os instrumentos de que a Assembleia da República dispõe. Não prescindimos de nenhum, começamos pelas audições”.

Já no sábado, depois de Núncio ter assumido responsabilidade política, o PS tinha vindo sublinhar que isso “confirmava” a “negligência” do anterior Executivo. Bem como o Bloco de Esquerda que, através de um comunicado, fez saber que considera que “fica por esclarecer o mais importante: como foi que dez mil milhões desapareceram das listas de transferências para offshores”. E o Bloco ainda acrescentou que o ministro das Finanças a que Núncio respondia, também devia ter vindo assumir responsabilidade (Núncio respondeu a dois ministros: Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque).

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