A comitiva portuguesa que, esta segunda-feira, visitou a central nuclear de Almaraz vai agora analisar a informação recolhida para uma primeira apreciação e confirmou a ausência de obras de construção do armazém de resíduos radioativos, avança o Ministério do Ambiente.

A comitiva portuguesa visitou a central nuclear de Almaraz, recolhendo informação que vai agora analisar para uma primeira apreciação e confirmou ausência de obras de construção do armazém.

Os especialistas nacionais tiveram oportunidade de confirmar que ainda não se iniciaram os trabalhos de construção do armazém de resíduos radioativos, tendo sido apenas registado que houve abate de árvores naquela zona” informa o Ministério do Ambiente em comunicado.

A comitiva portuguesa, que tinha chegado ao local às 9h de Lisboa, saiu da central nuclear espanhola num autocarro de matrícula portuguesa, depois de todos os membros que a compõem terem almoçado no interior das instalações.

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Delegações de Portugal, Espanha e da União Europeia visitaram, esta segunda-feira, a central de Almaraz, no âmbito de um acordo selado entre os dois países com o patrocínio da Comissão Europeia.

O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) disse que a visita de delegações de Portugal e da União Europeia a Almaraz é apenas de “cortesia” e só vai evitar uma inspeção profunda.

A associação ambientalista ZERO lamentou a ausência de especialistas de Organizações Não-Governamentais (ONG) na visita.

Na sexta-feira, fonte do Ministério do Ambiente disse à Lusa que a delegação de Portugal teria 16 elementos e inclui técnicos do Ambiente, da Saúde e dos Negócios Estrangeiros.

A comitiva foi liderada pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, e incluiu também três peritos externos, da Ordem dos Engenheiros e da Universidade de Coimbra, nas áreas da energia nuclear, da avaliação de impactos ambientais e da hidrogeologia.

Os restantes especialistas presentes na visita à central, iniciativa que teve também a presença de representantes da Comissão Europeia, são de entidades públicas, de áreas dos recursos hídricos, energia nuclear e avaliação de impactos ambientais.

Além dos técnicos da APA, dos ministérios do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros, a delegação portuguesa que visitou a central, localizada a 100 quilómetros da fronteira portuguesa, teve representantes da Direção Geral de Saúde.

A fonte do Ministério liderado por João Matos Fernandes tinha já anunciado na sexta-feira que, da parte de Portugal, não haveria qualquer declaração à comunicação social.

Espanha considera visita “um primeiro passo”

O Governo espanhol considerou que a visita à central nuclear de Almaraz, desta segunda-feira, foi “um primeiro passo de comunicação e coordenação” com as autoridades portuguesas, para conhecer, “em primeira mão”, o estado das obras do armazém de resíduos nucleares.

O objetivo foi informar sobre as medidas de segurança e de proteção do meio ambiente do futuro Armazém Temporário Individualizado (ATI)”, resume o Ministério da Energia espanhol num comunicado de imprensa divulgado em Madrid no final da visita.

Delegações com técnicos portugueses, espanhóis e da Comissão Europeia visitaram hoje a central nuclear de Almaraz depois de um acordo assinado entre os dois países com a mediação do executivo comunitário.

A delegação portuguesa foi chefiada pelo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, a espanhola pela diretora-geral da Política Energética e Minas, Teresa Baquedano, e pelo diretor-geral da Qualidade e Avaliação Ambiental e Meio Natural, Javier Cachón, e a da Comissão Europeia pelo assistente do presidente da instituição, o português Telmo Baltazar.

O Ministério da Energia espanhol recorda que no acordo entre Portugal e Espanha, Madrid comprometeu-se a informar “a todo o momento sobre os detalhes do projeto de construção do ATI da central” nuclear “no prazo de dois meses”.

A Comissão Europeia anunciou na passada terça-feira que os governos de Portugal e Espanha tinham alcançado uma “resolução amigável” para o litígio em torno da central nuclear de Almaraz, com Lisboa a retirar a queixa apresentada a Bruxelas.

Em 16 de janeiro último, Portugal apresentou à Comissão Europeia, em Bruxelas, uma queixa relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz sem avaliar o impacto ambiental transfronteiriço.

O Governo português defendeu que, no projeto de um armazém de resíduos junto à central nuclear de Almaraz, “não foram avaliados os impactos transfronteiriços”, o que está contra as regras europeias.