A London Stock Exchange (LSE) diz que a sua mega-fusão com a alemã Deutsche Boërse, outra gigante europeia das gestoras bolsistas, não deverá seguir em frente. As duas estão a negociar há cerca de um ano os contornos da fusão, avaliada em mais de 10 mil milhões de euros, mas as exigências da autoridade europeia da concorrência arriscam fazer o negócio descarrilar.

É a própria LSE que admite que a fusão pode fracassar. Em comunicado publicado no site da bolsa londrina, a LSE diz que “tendo em conta a posição atual da Comissão [Europeia], a LSEG acredita que a Comissão não deverá dar autorização para a fusão“.

O que está em causa é a exigência europeia de que, para que o negócio possa ser feito, a LSE tem de vender a posição maioritária que tem na MTS, uma plataforma italiana de negociação de obrigações (títulos de dívida). A Direção-Geral da Concorrência queria que a LSE mostrasse um compromisso claro no sentido de vir a vender a MTS no futuro próximo, mas a exigência fez a LSE pensar duas vezes.

A preocupação da concorrência europeia é que se a LSE não vender a MTS, ao juntar-se às operações da Deutsche Boerse neste segmento de mercado irá estar a criar um quase-monopólio na negociação bolsista de obrigações.

A LSE não especifica a razão por que não quer aceitar o remédio proposto pela Concorrência, mas dá a entender que as autoridades italianas não querem que ela venda. “Após um diálogo com as autoridades italianas (…) e tendo em conta as trocas de ideias anteriores entre os envolvidos na fusão e as autoridades italianas (…), o Conselho de Administração da LSEG acredita que é muito improvável que a venda da MTS pudesse ser feita de forma satisfatória”.

O resultado do referendo britânico, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, também já tinha complicado o negócio. Mas há que notar que o outro envolvido na possível fusão, o Deutsche Boërse, ainda não se pronunciou sobre o comunicado da LSE. É certo que podem existir negociações com a Direção-Geral da Concorrência ao longo do mês de março, daí que ainda não se possa concluir que o negócio está morto. Ainda assim, se a fusão for mesmo cancelada, é provável que as operadoras norte-americanas como a Nasdaq e a InterContinental Exchange (ICE) queiram avaliar a possibilidade de comprar uma das gestoras agora em tentativa de fusão, a LSE ou a Deutsche Boërse.

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