A venda de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) à banca comercial praticamente duplicou na última semana, para 348,6 milhões de euros, sendo quase metade para importar alimentos e com as companhias aéreas a voltarem a receber moeda estrangeira. A informação consta do relatório semanal do BNA, divulgado esta segunda-feira, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 20 a 24 de fevereiro, e surge após os 182,3 milhões de euros e os 142,6 milhões de euros das duas semanas anteriores.

Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas – mantêm-se em euros há praticamente um ano -, em vendas diretas equivalentes a 389,5 milhões de dólares, cobriram as necessidades de importação de bens alimentares (126,4 milhões de euros) e também operações dos setores da Indústria (18,7 milhões de euros), do Petróleo (53,7 milhões de euros) e para importação de peças e acessórios para o setor dos transportes (37,6 milhões de euros). Para a cobertura das operações das companhias aéreas, que reclamam da retenção em Luanda de verbas por falta de divisas para repatriar, o BNA vendeu na última semana 17,9 milhões de euros e para garantir o repatriamento de salários por trabalhadores expatriados foram disponibilizados 880 mil euros.

As casas de câmbio voltaram a ser contempladas com divisas (5,4 milhões de euros), assim como as empresas de envio de remessas para o estrangeiro (4,5 milhões de euros). Angola enfrenta desde finais de 2014 uma crise financeira e económica com a forte quebra das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.

Esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações. Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA.

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, permaneceu inalterada nos 166,733 kwanzas por cada dólar e nos 186,287 kwanzas por cada euro. No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa menos de 400 kwanzas, uma forte quebra face a semanas anteriores.

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