O filme “Cartas da Guerra”, de Ivo M. Ferreira, vai ser exibido, em antestreia em França, no cinema Les Cinq Caumartin, em Paris, a 09 de março, no âmbito da 4.ª edição da Semana dos Cinemas Estrangeiros.

A longa-metragem, que chega às salas francesas a 12 de abril, foi escolhida para representar Portugal no festival que decorre de 6 a 14 de março, em vários espaços da capital francesa.

A Semana dos Cinemas Estrangeiros é organizada pelo Fórum dos Institutos Culturais Estrangeiros em Paris (FICEP), do qual fazem parte 22 centros e institutos, incluindo o Centro Cultural Português – Instituto Camões.

Este ano, o tema do festival é “Resiste!”, algo que orientou a escolha do filme “Cartas da Guerra”, de acordo com João Pinharanda, diretor do Centro Cultural Português do Instituto Camões em Paris.

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“Há um homem que está confrontado com um tipo de resistência que é a resistência dos nacionalistas angolanos à presença portuguesa, mas está confrontado com a sua própria capacidade de resistência ao ‘stress’ da guerra e de resistência a uma relação amorosa que vive da separação e do afastamento”, justificou João Pinharanda à Lusa.

O responsável sublinhou, ainda, que o modo como a resistência “é tratada filmicamente” e “a relação que o filme tem com a literatura e com a literatura de um autor como António Lobo Antunes” também contribuíram para a sua escolha.

A projeção do filme, a 09 de março, vai ser feita na presença do ator Miguel Nunes e da investigadora Inès Cazalas, especialista em literatura do século XX e, em particular, na obra de António Lobo Antunes.

“Cartas da Guerra” é a terceira longa-metragem de Ivo M. Ferreira, contando uma história de amor que é também um retrato da Guerra Colonial, baseada no livro de António Lobo Antunes “D’este viver aqui neste papel descripto”, que reúne cartas que o autor escreveu à sua primeira mulher quando, em 1971, foi incorporado no exército português para servir como médico numa das piores zonas da guerra colonial, o leste de Angola.

O filme foi rodado em Portugal e em Angola, com mais de 40 atores, entre os quais Miguel Nunes, no papel de António, e Margarida Vila-Nova, que representa Maria José, mulher do autor, e que é a leitora das cartas de amor, fio condutor de toda a narrativa do filme.

A longa-metragem “Cartas da Guerra” fez parte da competição oficial do Festival de Cinema de Berlim, no ano passado, e foi o candidato de Portugal a uma nomeação para os Óscares (Estados Unidos), para os prémios Goya (Espanha) e para os prémios da Academia Europeia de Cinema.

O filme conquistou, a 11 de dezembro, o galardão de melhor filme e de melhor argumento nos Prémios Áquila 2016, que distinguem as melhores produções portuguesas de cinema e televisão.

“Cartas da Guerra” está ainda nomeado para 11 Prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema, a entregar na noite 22 de março, incluindo, Melhor Filme, Melhor Atriz Principal (Margarida Vila-Nova), Melhor Ator Principal (Miguel Nunes), Melhor Realizador (Ivo M. Ferreira) e Melhor Argumento Adaptado (Ivo M. Ferreira e Edgar Medina).