Representantes dos trabalhadores da rodoviária Carris consideram que, no primeiro mês de gestão municipal da empresa, se conseguiu atingir “uma certa calma” e “estabilidade social”, enquanto os utilizadores não notam diferenças no serviço prestado. “Este mês de fevereiro foi um mês de transição, mas, para já, sente-se uma certa calma na empresa”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), Sérgio Monte.

A transferência da gestão da Carris para a alçada da Câmara de Lisboa foi concretizada a 1 de fevereiro passado, num processo envolto em polémica, nomeadamente devido ao pedido de apreciação parlamentar apresentado pelo PCP, em finais de janeiro, relativamente ao diploma que transfere a empresa para a autarquia. “Houve algum sobressalto porque podia estar em causa a revogação do diploma. A partir do momento em que se soube que era apenas para propor alterações, a comunidade de trabalhadores ficou mais sossegada e hoje há estabilidade social”, assinalou Sérgio Monte.

Segundo o sindicalista, “os administradores nomeados pela Câmara estão a tentar ordenar as coisas”. “Esperemos que em março tudo esteja a funcionar em pleno”, disse o responsável do SITRA, aludindo ao facto de algumas “unidades orgânicas [como a direção de recursos humanos] ainda estarem a funcionar em conjunto com o Metropolitano” e a “mudanças que serão feitas na estrutura orgânica da empresa”.

Ainda assim, de acordo Sérgio Monte, o balanço destes primeiros dias é “verdadeiramente positivo” e “já se nota uma nova esperança e uma nova confiança”. O representante destacou também que a empresa admitiu, em fevereiro, cerca de 10 motoristas, medida que a seu ver “vem no sentido de colmatar as falhas e de prestar um bom serviço, que não se verificava pela falta de pessoal”. Questionado sobre futuras melhorias na empresa, Sérgio Monte apontou o aumento dos salários, que estão ao nível dos de 2010, dados os cortes. “Sabemos que é difícil e terá de ser com o tempo”, admitiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Visão diferente tem Cecília Sales, da Comissão Utentes Dos Transportes Públicos. Também ouvida pela Lusa, a responsável referiu que “continua tudo na mesma”. “Não se veem assim grandes alterações na rede, apesar de algumas paragens estarem a ser mudadas ou eliminadas, o que já acontecia”, sustentou.

No que toca aos passes gratuitos atribuídos desde o início de fevereiro às crianças até 12 anos e aos descontos para idosos, Cecília Sales afirmou que “as pessoas já se ambientaram”, pois essa informação é dada aquando da renovação do título, seja pelo operador ou pela máquina de venda automática. “Era bom que a redução dos preços também fosse para os outros utentes”, reivindicou a representante, recordando os aumentos “muito grandes” dos últimos anos.

Até 2020, a autarquia tenciona adquirir 250 novos autocarros, fazer um investimento de 60 milhões de euros, contratar 220 motoristas e criar 21 novas linhas, que fazem parte da nova “Rede de Bairros” e pretendem servir deslocações do dia-a-dia nas freguesias lisboetas. A agência Lusa pediu um balanço à Câmara de Lisboa e à administração da Carris por si nomeada, liderada por Tiago Farias, mas não obteve resposta.