Durante o seu primeiro discurso no Congresso, esta terça-feira, Donald Trump teve de enfrentar um protesto silencioso. As 66 congressistas e delegadas do Partido Democrata vestiram-se de branco para defender os direitos das mulheres, “ainda que o Presidente não o faça”.

Oficialmente, tratou-se de uma manifestação de homenagem às sufragistas — as mulheres que, na Europa e em alguns Estados norte-americanos, só no final do século XIX conseguiram conquistar o direito a votar.

Mas o gesto assumiu um peso político bastante atual, por exemplo quando o Presidente dos EUA se referiu ao ObamaCare para reiterar a sua intenção de revogar o diploma de saúde da anterior Administração e avançar com uma solução alternativa. Tumbs down, polegares para baixo, em sinal de desaprovação, foi a forma escolhida pelas congressistas para contrariar o discurso de união que Trump queria colar ao seu discurso.

Coube a Nancy Pelosi, a líder democrata no Congresso, contextualizar o protesto. “Esta noite, a nossas [mulheres] democratas vestem-se de branco num apoio aos direitos das mulheres — apesar de um Presidente dos EUA que não o faz”, escreveu Pelosi, com a hashtag #WomenWearWhite [as mulheres vestem de branco] a acompanhar a imagem que publicou no Twitter.

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Uma homenagem à sua avó, uma “sufragista que marchou pelo direito ao voto”, escreveu a congressista Ann McLane Kuster.

O amor supera sempre o ódio“, escreveu Bonie WatsonColeman. O verbo escolhido (“trumps”, em inglês) para a passagem não foi um acaso. “Vestimos de branco para nos unirmos conta quaisquer tentativas da Administração Trump para reverter o incrível progresso que as mulheres fizeram no último século e vamos continuar a apoiar o progresso de todas as mulheres”, concretizou Lois Frankel, representante do Estado da Florida, numa declaração divulgada pela CNN.

As congressistas optaram pelo branco por ser a cor que representa o movimento sufragista. Manifestaram-se em silêncio em defesa dos cuidados de saúde e cuidados infantis acessíveis, dos direitos reprodutivos, remunerações equilibradas entre mulheres e homens e, ainda, em nome de uma “vida livre do medo e da violência”.