O ano de 2000 tinha sido o ano com mais registo de ataques de tubarões de sempre. Em 2015, no entanto, foram registados 98 ataques, mais dez do que nesse ano, seis deles mortais. E vêm das Ilhas Reunião os números são mais alarmantes: desde 2011 houve sete mortos, uma média de uma pessoa por ano. Mas foi a morte de um surfista de 26 anos a semana passada, que espoletou uma onda de reações sem par, conta o El Español. Tudo por causa do surf.
Jeremy Flores, um dos melhores surfistas da atualidade, foi o primeiro a manifestar-se sobre a morte do colega: “Mais um irmão apaixonado [pelo surf] que morreu cedo demais, muito triste… Vê lá se fazes umas pontuações perfeitas aí em cima, juntamente com todas as outras lendas.”
Mas foi, sem dúvida, a publicação de Kelly Slater, a ‘lenda do surf’, 11 vezes campeão do mundo, que criou mais controvérsia. Ele pediu a François Hollande e à França, que tutela aquelas ilhas, que organizasse matanças diárias de tubarões.
“Não serei popular por dizer isto, mas tem que haver uma matança seletiva séria na Reunião e deveria ser feita diariamente. Existe um claro desequilíbrio nessa zona do oceano. Se em todos os sítios houvessem estes ataques, ninguém se meteria no mar e, literalmente, morriam milhões de pessoas dessa forma. O Governo Francês tem que arranjar uma solução para isto o quanto antes. 20 ataques desde 2011?”
A publicação criou uma onda de comentários de várias pessoas, especialmente sobre o facto de a ideia ir contra todos os direitos dos animais. Ainda assim, vários companheiros do mundo do surf apoiaram o discurso de Slater, incluindo o surfista Jeremy Flores, que disse:
“Como dizes, Reunião é um caso distinto de outros sítios do mundo em relação aos tubarões. O nosso problema é com o tubarão sarda, que está a matar tudo, incluindo outras espécies protegidas de tubarões. Infelizmente, é difícil para muita gente entender os problemas pelos quais estamos a passar. Aqui, morre um atrás do outro como se fosse normal, mas não é. Os surfistas das Reunião são amantes do oceano, da natureza e do meio ambiente há gerações, mas as coisas estão a ficar sérias e estamos fartos de chorar a morte dos nossos companheiros. Está na hora de proteger a nossa pequena costa. Graças a este teu comentário, tenhamos esperança que alguém que conhece o meio entenda o pesadelo que estamos a viver”, comentou.
Os seis mortos por ataques de tubarão, em 2015, representam uma percentagem de 0,00048% das mortes que se registaram, no mesmo ano, por acidentes de viação, em todo o mundo: 1,25 milhões de mortes.