A irlandesa Marie Collins, membro da Comissão Pontifícia do Vaticano para a Proteção de Menores desde a sua fundação em 2014, demitiu-se por “falta de cooperação com a comissão por parte de outras entidades da Curia romana”.

A Santa Sé informou que Collins comunicou a sua intenção de se demitir ao cardeal Sean Patrick O’Malley, presidente da referida comissão, no passado dia 13 de fevereiro.

A renúncia foi aceite pelo papa Francisco e tornada efetiva hoje.

O Vaticano informou que em conversações com o cardeal O’Malley e também na carta de demissão entregue ao papa, Collins referiu-se expressamente à sua “frustração com a falta de cooperação por parte de outras entidades da Curia romana”, de acordo com um comunicado citado pela agência espanhola Efe.

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Não obstante a sua demissão, Collins aceitou o convite do cardeal O’Malley para continuar a colaborar com a comissão.

A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores foi constituída por mandado do papa Francisco em março de 2014 com o objetivo de proteger os menores e prevenir que se repitam na Igreja Católica casos de abusos por parte de sacerdotes.

A renúncia de Collins — ela própria vítima de abusos na infância por parte de sacerdotes — acontece um ano depois do inglês Peter Saunders, também ele vítima de abusos e fundador da Associação Nacional de Pessoas que Sofreram Abusos na Infância (NAPAC, na sigla em inglês), ter decidido abandonar a comissão.

A Comissão Pontifícia não esclareceu na altura as razões da demissão de Saunders, mas este tinha manifestado desconforto em relação à forma como tinham sido tratados alguns casos de pederastia.

Saunders tinha ainda expressado várias críticas perante algumas decisões do cardeal George Pell, que dirige a Secretaria de Economia do Vaticano, nomeadamente a sua posição perante denúncias de pederastia no seio da Igreja Católica da Austrália.