Emmanuel Macron quis reforçar nesta quinta-feira o seu estatuto de candidato do centro político às eleições presidenciais francesas. O ex-ministro de François Hollande, que é visto como mais provável vencedor da corrida ao Eliseu, apresentou um conjunto de medidas que procuram agradar à esquerda e outras que se aproximam da direita política. Num dos temas que mais preocupam os franceses, o terrorismo, Macron diz que quer um “mapa” internacional para resolver o problema — uma ideia que não o ajudará a sacudir as críticas de que será demasiado brando em questões de segurança.

O candidato, de 39 anos, não se esqueceu de lançar uma farpa a François Fillon, o candidato conservador envolvido num escândalo mas que recusa abandonar a corrida. Numa administração liderada por Macron, serão “erradicados os conflitos de interesse” e será proibido contratar membros da família para cargos de nomeação política. O candidato independente procura, assim, distinguir-se de François Fillon, que terá promovido pagamentos de dinheiros públicos à mulher por funções que estão sob suspeita das autoridades.

Fillon não desiste da corrida às presidenciais

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Macron, que nunca foi eleito para qualquer cargo público na vida (foi ministro nomeado por Hollande), adiantou também que irá procurar reduzir o número de deputados em ambas as câmaras do parlamento francês. Os deputados vão ficar, também, proibidos de fazer trabalho de consultoria.

Emmanuel Macron ganha “terreno” na corrida ao Eliseu

“A sociedade que eu idealizo será, por um lado, livre de bloqueios e constrangimentos e, por outro, protetora dos mais fracos”, escreveu Macron no programa apresentado esta quinta-feira.

Entre as medidas anunciadas pelo candidato está a intenção de reduzir as participações públicas no capital das maiores empresas francesas — o que ajudará a liberalizar a economia e gerar um encaixe de 10 mil milhões de euros. Macron quer, também, investir no sistema prisional, criando mais 15.000 lugares na prisão e contratar mais 10 mil polícias.

Por outro lado, Macron vê com bons olhos uma discriminação positiva na contratação, dando incentivos a que as empresas contratem pessoas de 200 bairros problemáticos. Além disso, o candidato presidencial quer que sejam criados programas para melhorar a relação entre as forças da autoridade e as juventudes de bairros mais desfavorecidos.

Na política europeia, o ex-banqueiro diz que a União Europeia não pode sobreviver “sem uma verdadeira estratégia europeia“. As negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia são uma oportunidade para “dar um novo impulso ao mercado único” e a Europa deve ser dura na defesa do mercado único nessas negociações.

Esta é uma visão que contrasta com o programa de Marine Le Pen, que pretende sair da zona euro e “negociar” as chamadas “quatro liberdades” da União Europeia.

Le Pen apresenta 144 medidas para “dar voz ao povo”