Nelson Évora e Patrícia Mamona, uma vez mais, são as grandes esperanças para a conquista de medalhas para Portugal nos Campeonatos da Europa de pista coberta, a realizar de sexta-feira a domingo, em Belgrado. A delegação lusa tem 10 elementos e, além dos dois ‘triplistas’, esperam-se também classificações de ‘top 10’ para Tsanko Arnaudov, no peso, e Lecabela Quaresma, no pentatlo.

Évora e Mamona, que vão para a terceira participação, são dos mais ‘veteranos’ da seleção lusa, só superados pela também ‘triplista’ Susana Costa, que compete pela quarta vez. A experiência é evidentemente uma mais-valia para ambos, tanto mais que os dois já foram campeões da Europa. Dos atletas com marca de qualificação para Belgrado, apenas não seguiram viagem os velocistas Diogo Antunes e Carlos Nascimento, lesionados, deixando os 60 metros masculinos entregues a Ancuiam Lopes.

Ainda assim, os 10 elementos superam os sete que marcaram presença há dois anos em Praga e estão em linha com a tendência das duas últimas décadas, em que os 18 de Viena2002 – número recorde – foram exceção. As segundas presenças com mais atletas (13) ocorreram em Madrid2005 e Paris2011. Com mais ou menos atletas no ‘indoor’ europeu, a expetativa de uma medalha tem sido real, desde que em Paris1994 Fernanda Ribeiro mostrou o ‘caminho do ouro’. Nas 10 edições seguintes, só em Gent2000 houve triunfo luso, com um ‘pico’ em Estocolmo1996, onde Carla Sacramento e Fernanda Ribeiro se sagraram campeãs.

Portugal soma 11 medalhas de ouro, sete de prata e duas de bronze, o que lhe dá um 20.º lugar no quadro de medalhas entre todos os países que já participaram. A mais recente medalha de ouro foi justamente de Nelson Évora, que chega a Belgrado com a quinta marca do ano entre os inscritos (16,75 metros), mas com sinais evidentes de estar em subida de forma.

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O campeão em título – e antigo campeão olímpico e mundial – tem o segundo melhor recorde pessoal, com 17,33 metros, no conjunto dos 18 participantes, apenas superado pelo veterano italiano Fabrizio Donato, de 40 anos, que em tempos conseguiu 17,73. Na presente época, Nelson Évora é o quinto entre os inscritos, a seguir aos franceses Jean Marc Pontvianne (17,13) e Melvin Raffin (17,04), ao letão Elvijs Misans (16,77) e ao finlandês Simo Lipsanen (16,76).

Também já habituada a grandes ‘palcos’, Patrícia Mamona ostenta o título de campeã europeia absoluta, conquistado no ano passado. Tem a terceira marca da época (14,13 metros) e a quarta de sempre (14,36) entre as 18 participantes no triplo. Em 2017, apenas a romena Elena Panjuroiu (14,33 — recorde pessoal) e a grega Paraskevi Papahristou (14,19) têm melhor.

A helénica (14,47 como recorde pessoal), a alemã Kristin Gierish (14,46) e a eslovaca Dana Veldaková (14,40) têm melhores recordes pessoais do que a portuguesa, que foi oitava em 2013 e quinto em 2015, mas é a atual campeã da Europa de ar livre, depois de ter sido segunda em 2012. Uma das boas surpresas na seleção são os progressos acentuados de Lecabela Quaresma no pentatlo, uma disciplina de grandes tradições para Portugal, através dos sucessos de Naide Gomes, antes de se dedicar em exclusivo ao salto em comprimento.

Com 4.473 pontos, é este ano a quinta melhor das inscritas, mas essa visão é aqui especialmente ‘curta’ porque as 16 vagas disponíveis foram atribuídas em duas tranches iguais – a primeira para as atletas do heptatlo com marcas de 2016 e a segunda para atletas de pentatlo, pelo ranking deste ano. Acontece que algumas das que fizeram heptatlo em 2016 ainda não se estrearam este ano na variante ‘indoor’. É o caso, nomeadamente, da grande favorita, a belga Nafissatou Thiam, campeã olímpica, ou ainda da holandesa Nadine Broensen, detentora da segunda marca.

Olhando para os recordes pessoais, Lecabela Quaresma ‘desce’ um pouco, para oitavo lugar. A expetativa para a atleta são-tomense é a de um lugar no ‘top 10’, com marcas em linha com o seu recorde pessoal. A nível idêntico, poderá estar Tsanko Arnaudov, que com Francisco Belo representa as cores lusas no peso. Quanto aos outros, o patamar realista é o meio da tabela. Nota ainda para o facto de o meio-fundo, em tempos a ‘coluna vertebral’ da seleção portuguesa, estar reduzido a um elemento, Enanuel Rolim, nos 1.500 metros. Agora, o núcleo essencial são as provas técnicas (saltos e lançamentos), com seis elementos em 10. Segue-se o setor de velocidade, com dois, o meio-fundo e as provas combinadas, com um cada.