O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Amândio Torres, defendeu esta quinta-feira a valorização da pequena propriedade florestal, rejeitando a ideia de que “tudo tem de ter dimensão e escala” para poder produzir. “Por vezes, esquecemo-nos de quão importante foi e é o somatório da produção de muitas pequenas parcelas florestais no cômputo global da produção florestal nacional”, disse Amândio Torres, na Lousã, distrito de Coimbra, na abertura do primeiro Fórum Internacional “Florestas Saudáveis, Benefícios para Todos”. Na sua opinião, importa “pugnar pela gestão efetiva dos espaços florestais, por ganhos de produtividade nas operações de instalação, condução e exploração florestal, por uma adequada remuneração dos bens da silvicultura”.

O secretário de Estado das Florestas realçou a importância do “aumento do valor acrescentado” da atividade silvícola, “feito pela indústria, que se pretende que seja gradualmente mais diversificada”. Neste contexto, preconizou uma indústria do setor “com mais capacidade e influência nos mercados externos, para que o processo possa ser minimamente perene e se garantam fileiras silvo-industriais mais diversificadas, pujantes e sustentáveis”.

Para cumprir este objetivo, “importa ter a participação dos proprietários e das suas organizações representativas e fundamentalmente a perceção da sua importância ao longo de décadas para o suporte da atividade silvo-industrial”, sublinhou. “Erradamente, temos tido por vezes uma leitura enviesada da realidade quando, contrariamente a ela, preconizamos insistentemente modelos assentes na grande exploração contígua e contínua”, designadamente, com monocultura e “um momento único de exploração” e extração, disse.

Para Amândio Torres, engenheiro silvicultor oriundo da Lousã, onde preside à Assembleia Municipal, “é evidente o papel central que os processos de certificação da gestão florestal sustentável têm na resposta à procura crescente da sociedade – e dos mercados – por matérias-primas, produtos e outros bens de base florestal certificados”. “Contamos que as iniciativas enquadradas na reforma florestal do programa do Governo abram um novo ciclo de ação e induzam novos paradigmas para a gestão dos espaços florestais”, afirmou.

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Promovido pelo Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), no âmbito do projeto europeu Forest-in, o Fórum “Florestas Saudáveis, Benefícios para Todos” decorre, hoje e na sexta-feira, no Centro de Operações e Técnicas Florestais, nos arredores da Lousã.

O reitor da UA, Manuel Assunção, salientou que o Forest-in “nasce do diálogo com os parceiros, atores chave no setor, e da consequente identificação de desafios multidimensionais” que a floresta enfrenta. “O grande objetivo do projeto, alinhando com a estratégia nacional para as florestas e com a missão de cada um dos parceiros, é o da constituição de um programa de capacitação, que inclui formação, para o desenvolvimento do conhecimento e competências para uma gestão florestal mais eficiente e eficaz”, acrescentou.

Na abertura dos trabalhos, intervieram ainda o presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, um representante do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Rui Pombo, e o biólogo e professor universitário Carlos Fonseca, coordenador do projeto Forest-in.