A Uber utilizou durante anos uma ferramenta para enganar e escapar às autoridades, em lugares onde o serviço encontrava resistência ou onde foi banido. A investigação é do The New York Times.

O “truque” foi usado em todo o mundo e começou, no início de 2014, com o programa VTOS — abreviatura de” violação dos termos de serviço”, em inglês — e envolveu a ferramenta “Greyball”, que utilizava dados recolhidos pela aplicação da Uber para detetar utilizadores que usassem o serviço para agredir os motoristas, interromper as operações da Uber ou preparar “ciladas”. No entanto, o VTOS passou também a ser usado para identificar e evitar as autoridades.

A utilização da “Greyball” foi gravada no final de 2014 quando o agente Erich Englant, de Portland [EUA], tentou apanhar um veículo Uber numa investigação ao serviço. É que Uber tinha acabado de se instalar na cidade sem autorização. Na aplicação apareciam diversos carros Uber na zona mas Erich não conseguiu apanhar nenhum. A Uber ativara uma versão falsa da app, com carros “fantasma”. Veja o vídeo:

A empresa começou por desenhar um perímetro digital à volta dos edifícios das autoridades e vigiava as pessoas que abriam e fechavam frequentemente a app — processo designado de “eyeballing” — perto desses edifícios, o que poderia significar que trabalhavam para o Governo. Outras técnicas passavam por avaliar os cartões de crédito dos clientes, procurando associações às autoridades, bem como o perfil dos utilizadores nas redes sociais.

O The New York Times avança que a informação foi dada por quatro funcionários da Uber, que pediram anonimado pelo facto de os dados serem confidenciais e com receio de retaliações. O jornal estima que pelo menos 50 a 60 pessoas dentro da empresa tivessem conhecimento da ferramenta.

A “Greyball” foi aprovada pela equipa jurídica da Uber mas levantam-se questões quanto à sua legalidade, podendo constituir uma obstrução intencional da justiça.

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