Louis Mantin era um homem de barba farta, laço sempre ao pescoço, sorriso fácil nas fotografias, mas algo egocêntrico. Os anos que passou como funcionário público fizeram dele um dos homens mais ricos de Moullins, no departamento francês de Allier. De bolsos bem recheados de ouro e muitas voltas ao mundo já dadas, Mantin não tinha medo da sua excentricidade. Em 1893, mandou erguer uma mansão de estilo gótico que havia de ser uma montra a todo o seu património — e era muito grande. Mas a mansão acabou por ser totalmente diferente dos planos de Mantin. Ainda assim, foi cumprido o seu sonho de transformar a casa numa cápsula do tempo.

Tudo começou através dos arquitetos René-Justin Moreau e do seu pai Jean-Bélizaire Moreau. Os dois persuadiram Louis Mantin a decorar a casa de um modo muito diferente do planeado: se por fora a casa mantinha os tetos altos e pontiagudos, janelas alongadas e pedras escuras no lugar das paredes, quem entrasse na Maison Mantin quase podia sentir a brisa que corre à beira-mar. A casa estava recheada de pinturas, livros, fotografias, animais empalhados, cerâmicas, minerais e esculturas que o proprietário tinha comprado nas suas viagens pelo mundo. Não havia nada mais luxuoso que aquela mansão em Allier: a casa estava decorada com painéis de madeira, decoração em gesso neo-renascentista, pinturas ao estilo de Luís XVIII e vitrais e pinturas de Art Nouveau.

Louis Mantin morreu em 1905, mas até o futuro da sua casa estava traçado. Escreveu, na plenitude das suas faculdades, que a mansão devia ser entregue ao departamento de Allier, mas que havia de ser fechada durante mais de 100 anos. Só a partir de 2005 é que poderia ser reaberta para que as pessoas desse tempo — do nosso tempo — pudessem passear por uma casa do século XIX. O seu desejo foi cumprido: ninguém entrou na mansão durante um século inteiro para a transformar numa cápsula parada no tempo. Só em 2010 é que a mansão foi reaberta como museu, mantendo exatamente a mesma decoração de Mantin escolheu. Só a parte exterior foi restaurada.

Agora, o Observador mostra-lhe imagens do interior da mansão. Veja-as na fotogaleria.

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