Charlie nasceu prematuramente no dia 4 de agosto de 2016, o que lhe causou cegueira e mudez profundas. Apesar de tudo, deixou o hospital saudável, até que à sexta semana de vida os pais, Connie Yates e Chris Gard, perceberam que filho começara a perder demasiado peso, perdendo igualmente a força muscular. Charlie foi internado pouco depois no cuidados intensivos do hospital Great Ormond Street, em Londres, sendo-lhe diagnosticada uma pneumonia.

Mas o caso de Charlie era ainda mais grave, já que sofria de uma raça condição genética e incurável: a síndrome de depleção do ADN mitocondrial. Continua, desde o dia do internamento, nos cuidados intensivos, ligado a um suporte de vida.

Os médicos do Great Ormond Street garantem não existir cura para a doença de Charlie, concluindo que a melhor solução para o bebé seria uma “morte com dignidade”, desligando-lhe a máquina que o mantém vivo. Connie e Chris foram notificados em casa pelo tribunal para que autorizassem a morte de Charlie. À BBC, a mãe explicou que ficou “chocada e horrorizada” quando descobriu a vontade do hospital. “Não consigo explicar em palavras o quão horrível foi ler os papeis do tribunal com o nome do Charlie lá escrito. Foi como se ele tivesse sido condenado à pena de morte”, acrescentaria.

O juiz encarregado do caso, Nicholas Francis, garante que este é “um dos casos mais tristes” que julgou até hoje, elogiando a “devoção” dos pais, por quem nutre “a mais profunda simpatia” numa situação que classifica como “trágica”.

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Entretanto, e numa atura em que a opinião pública se divide no Reino Unido, o hospital Great Ormond Street reafirmou através do seu porta-voz que Charlie “tem uma rara e muito complexa doença, para a qual não há qualquer cura possível”.

Charlie deu entrada no hospital e, desde então, continua sob atenção dos médicos 24 horas por dia nos cuidados intensivos. A sua condição continuou a deteriorar-se e sentimos que se esgotaram todas as opções de tratamento disponíveis. Não podemos sequer imaginar a extrema angustia que isto é para a sua família. Mas continuaremos a apoiá-la de todas as formas possíveis, defendendo o que nós acreditamos que é melhor para o Charlie”, explicou o porta-voz.

Os pais de Charlie têm no entanto uma opinião diferente e pretendem deixar o Reino Unido, levando o filho para os Estados Unidos, onde acreditam que este poderá encontrar tratamento adequando para a síndrome de depleção do ADN mitocondrial. A advogada do casal, Sophia Roper, disse à BBC que eles “acreditam que Charlie está em melhor condição do que aquela que o hospital descreve”.

A mãe de Charlie, Connie, deu entretanto início a uma campanha para angariação de fundos sob o mote #CharliesFight, tendo até ao momento angariado cerca de 800 mil euros. Os pais acreditam que para os tratamentos de Charlie nos Estados Unidos será necessário mais de um milhão de euros, valor que esperam alcançar nas próximas semanas. Para Charlie, cada dia conta.