O cabeça-de-lista do MPLA às eleições gerais angolanas de agosto, general João Lourenço, prometeu este sábado baixar o custo das obras públicas e admitiu que os altos preços do petróleo dos últimos anos criaram “maus hábitos” no país.

A posição foi assumida pelo candidato e vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) no primeiro ato de massas da pré-campanha eleitoral em Luanda, realizado no município do Cazenga, reunindo milhares de apoiantes.

“O executivo do MPLA que sair das eleições de agosto vai tomar medidas no sentido de baixar os preços das infraestruturas, de baixar o preço das empreitadas”, avisou João Lourenço.

No poder em Angola desde 1975, o MPLA foi o único partido, até ao momento, a aprovar e anunciar as listas candidatas às eleições gerais previstas para agosto e arrancou em fevereiro com a pré-campanha eleitoral.

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De fora das listas está José Eduardo dos Santos, chefe de Estado e líder do partido desde 1979, que assim abandona o poder após as eleições.

Embora sem adiantar propostas concretas, recordando apenas os investimentos que estão ser feitos para aumentar a produção local de materiais de construção, travando os custos de importação, o candidato do MPLA a Presidente da República e atual ministro da Defesa Nacional traçou a necessidade de o país, a viver uma crise económica e financeira decorrente da quebra das receitas do petróleo, “reduzir consideravelmente” os preços das obras públicas.

Nomeadamente os custos de construção do quilómetro de estrada e do metro quadrado das habitações sociais, mas garantindo que será exigida qualidade aos empreiteiros.

O setor da construção civil em Angola é dominado, além dos empresários nacionais, por empreiteiros portugueses, brasileiros e chineses.

“Não pode haver construção para a Europa e construção para Angola. Tem que haver construção. Uma estrada feita na Europa, em Angola ou noutra parte qualquer do mundo é uma estrada”, advertiu João Lourenço.

Em paralelo, reconheceu a necessidade de o próximo executivo “incentivar a cultura da manutenção dos bens públicos”, acabando com a “cultura do descartável”, como até agora.

“O ‘boom’ do petróleo, a abundância e os bons preços do petróleo, durante muitos anos, criaram-nos maus hábitos, e temos de ser honestos a reconhecer que assim foi. Nós esquecemo-nos, de uma forma geral, da manutenção dos bens públicos. Mais facilmente gastamos milhões a construir infraestruturas caríssimas, do que gastamos algumas dezenas ou centenas de dólares a fazer a manutenção desses equipamentos”, observou.

Num discurso de 50 minutos, João Lourenço insistiu na necessidade de fazer a “educação” do povo, promovendo o “resgate dos valores morais e éticos”, perdidos durante os quase 30 anos de conflito armado que o país viveu, até 2002.