O ministro dos Negócios Estrangeiros português reiterou esta segunda-feira que a preparação da visita do primeiro-ministro a Angola “segue o seu curso normal”, e garantiu que não há nenhum conflito entre Lisboa e Luanda, considerando que existe “muito ruído comunicacional”.

“Não há nenhum conflito pendente em matéria político-diplomática entre Portugal e Angola. Os dois países estão a fazer o seu trabalho, nós apresentámos várias datas possíveis para aquilo que nos parece a próxima iniciativa com sentido, que é a visita do primeiro-ministro português a Angola, e aguardamos serenamente a resposta das autoridades angolanas”, declarou Augusto Santos Silva em Bruxelas, à margem de um Conselho de Negócios Estrangeiros.

Segundo o chefe da diplomacia, “há muito ruído comunicacional” em torno das relações entre os dois países, na sequência da acusação do Ministério Público a Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) – no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais -, mas isso em nada altera a planificação da visita do chefe de Governo a Luanda, em data a acordar entre as partes.

“As autoridades angolanas acabaram de tornar público que não chamaram o seu embaixador em Lisboa, e que, portanto, o seu embaixador em Lisboa continua em Lisboa. Há também algum ruído comunicacional a propósito de supostas iniciativas das autoridades portuguesas, mas a verdade dos factos é esta e é muito simples: está em curso a preparação da visita do primeiro-ministro António Costa, essa preparação não está interrompida, e essa visita realizar-se-á na data que for mais conveniente, seja para Portugal, seja para Angola”, apontou.

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“Do ponto de vista das autoridades portuguesas, a preparação dessa visita segue o seu curso normal”, disse, afirmando uma vez mais que “a data mais conveniente para Portugal é a data que for mais conveniente para Angola”. Em fevereiro, foi adiada “sine die” a visita a Angola da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, sem que tivesse sido dada, na altura, qualquer explicação pelo executivo angolano.

Dias depois, o Governo de Luanda classificou como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram, em meados de fevereiro, a acusação do Ministério Público a Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola. A posição do Governo angolano foi conhecida através de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, que considera a divulgação da acusação como “um sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados”.

O primeiro-ministro, António Costa, já manifestou a vontade de prosseguir a “cooperação política e económica” com Angola, garantindo que a acusação da Justiça portuguesa ao vice-Presidente angolano não afetará a sua amizade para com aquele país. O chefe do Governo português aproveitou para recordar o “princípio da separação de poderes” que vigora em Portugal, onde as autoridades judiciárias atuam com “total independência” face ao executivo.