A Renault tinha prometido uma surpresa eléctrica para o Salão de Genebra. E cumpriu! E como cumpriu… O eleito para a materializar foi o líder de vendas na Europa entre os automóveis de propulsão exclusivamente eléctrica, na forma de um protótipo que bebe boa parte da sua inspiração, e vai buscar parte significativa das suas soluções técnicas, ao monolugar Renault e.dams, vencedor da última temporada do campeonato de Fórmula E.

E não restam dúvidas acerca da vocação do protótipo que dá pelo nome de Zoe e-Sport Concept. Mesmo num primeiro olhar, sobressaem as formas extremamente agressivas da carroçaria em fibra de carbono, sublinhadas pelas jantes em alumínio com porca de fixação central. Para um desempenho aerodinâmico de referência contribuirão de forma decisiva a lâmina sob o pára-choques dianteiro, o fundo plano, o extractor traseiro e o deflector integrado no topo do portão traseiro, com a luz de Stop integrada.

Para vincar a identidade do seu construtor, lá estão a assinatura luminosa em forma de “C” dos faróis dianteiros, e o losango da Renault retro-iluminado na frente e na traseira, à semelhança do concept TreZor revelado no passado Salão de Paris. As portas contam com sensores tácteis, não sendo necessário mais do que um toque nos ditos para abri-las.

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O habitáculo faz jus a toda esta exuberância. Entre os seus principais predicados, menção para o arco de segurança tubular em aço com protecções em Kevlar (permite ao Zoe e-Sport Concept cumprir as normas da FIA e circular em pista), assim como para as bacquets Recaro com arnês de competição – revestidas, tal como o volante e os painéis das portas, a Alcantara.

Como na Fórmula E, o piloto pode aceder aos vários parâmetros de regulação da motorização e da gestão de energia. Para isso, no tablier existem três elementos dedicados ao comando da caixa, ao modo de condução (entre quatro possíveis) e à repartição da travagem.

Tão ou mais espectacular, a dotação mecânica deste protótipo. A animá-lo estão dois motores eléctricos por íman permanente de alta capacidade, com uma potência combinada de 460 cv e cada qual com um binário de 320 Nm – um destinado a animar o eixo dianteiro, o outro fazendo mover as rodas traseiras (um monolugar de Fórmula E, por imposição regulamentar, tem no máximo 270 cv). Cada uma das duas baterias dispõe de 40 kWh de capacidade e de um sistema de arrefecimento ar/água, com radiador montado em posição frontal, que garante que as ditas, bem como a electrónica do veículo, se mantêm à temperatura ideal de funcionamento.

Já o chassi, concebido pela Tork Engineering, é do tipo tubular em aço e deriva dos modelos que a Renault fez alinhar em provas de montanha ou sobre o gelo. As suspensões, por triângulos sobrepostos em ambos os eixos, provêm directamente da competição e contam com amortecedores Öhlins com regulações em quatro vias, à semelhança do Mégane R.S: 275 Trophy-R. Ao mesmo tempo, procedeu-se a uma substancial redução da altura ao solo, e a um não menos importante alargamento de vias, os travões são de grandes dimensões e as rodas de 20” revestidas por pneus slick.

Tudo isto permite ao piloto usufruir de um chassi totalmente regulável e, por isso, ajustável a qualquer tipo de circuito, tal como num carro de corridas. Há a isso que juntar uma electrónica que gere a energia das baterias em função das exigências do piloto, gestão essa totalmente parametrizável e regulável antes de cada utilização, e mesmo em pista. São, ainda, propostos quatro modos de condução, que adaptam o veículo aos objectivos de quem o conduz, seja privilegiando o desempenho ou a autonomia, e doseiam a potência atribuída a cada motor.
Resta referir que, com todo este arsenal, o Zoe e-Sport Concept pesa 1.400 kg, ou 1.460 kg com o piloto a bordo, o que se traduz numa relação peso/potência de não mais do que 3,17 kg/cv. Como seria de esperar, as prestações não deixam de impressionar, porventura mais os 3,2 segundos necessários para cumprir os 0-100 km/h do que os 210 km/h de velocidade máxima – que, ainda assim, este protótipo alcança em menos de 10,0 segundos.