A passerelle mudou para o Centro Cultural de Belém

A maioria dos desfiles acontece na Garagem Sul do CCB

Depois de 13 edições no Pátio da Galé, 12 delas consecutivas, a ModaLisboa fez as malas e mudou-se para o Centro Cultural de Belém. A 48ª edição, batizada Boundless (sem fronteiras) arranca na quinta-feira e prolonga-se até domingo, sempre no CCB. Em vez da sala de tetos abobadados e colunas de pedra do Pátio da Galé, os desfiles acontecem todos na Garagem Sul, à exceção de Ricardo Andrez e Kolovrat, que apresentam as suas coleções para o próximo outono/inverno no Museu Coleção Berardo, ambos no sábado, dia 11.

“Vai haver uma instalação de fotografia no átrio central destinada a todas as pessoas que visitam o CCB e não exclusivamente a ModaLisboa”, diz Eduarda Abbondanza, criadora do evento, ao Observador. “É uma forma de estarmos presentes no espaço e uma dádiva para todos os visitantes do CCB.” A instalação é da responsabilidade de Arlindo Camacho, um dos fotógrafos — juntamente com Carla Pires e Vera Marmelo — que estará presente também na Workstation, a exposição que serve de retrato desta edição e que será alimentada num grande mural na área social da ModaLisboa (essa visitável apenas com convite, tal como os desfiles).

A maioria dos desfiles irá acontecer na Garagem Sul do CCB. © Guilherme de Carvalho

Há um mercado de troca de roupa

O tema da sustentabilidade é discutido também nas “fast talks”

Tendo como base a ideia de que “por regra, usamos apenas uma média de sete vezes a mesma roupa antes de a deitarmos fora ou trocarmos”, a Global Fashion Exchange (GFX) chega à ModaLisboa para defender a sustentabilidade na indústria. O projeto lançado em 2013, na Dinamarca, chega à capital com várias ações abertas ao público, no sábado e domingo: um lounge com DJs para fazer networking, instalações artísticas, workshops e um mercado swap que Patrick Duffy, fundador do GFX, apresenta como “o maior evento de troca de vestuário que já teve lugar na cidade de Lisboa”.

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“No Mercado Swap ninguém pode entrar sem uma peça de roupa para trocar”, explica Eduarda Abbondanza. Ou seja, para ter acesso ao Swap (que significa troca) os participantes não têm de ter convite mas têm de levar uma peça do seu próprio guarda-roupa. “Depois do evento, os artigos que não forem trocados serão entregues ao nosso parceiro I:CO, que os vai reciclar e transformar em novos produtos, têxteis e materiais de construção. Deste modo estaremos a fechar totalmente o ciclo de vestuário”, diz a organização. O mercado acontece no domingo, 12 de março, entre as 17h e as 19h30.

Os mercados Swap foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas e até agora a GFX já conseguiu evitar o desperdício de 19 toneladas de roupa.

Antes, na quinta-feira, o tema da sustentabilidade é discutido nas Fast Talks que dão o pontapé de saída na 48ª edição da ModaLisboa. “Iremos ter vários oradores para uma reflexão sobre possíveis práticas a adotar para alterar hábitos e obter resultados positivos”, diz Eduarda Abbondanza, lembrando como a moda é “uma das indústrias que mais desperdício provoca”. “O objetivo é refletir de que maneira podemos ter uma atitude mais racional, sendo a moda naturalmente excessiva”, resume a diretora da ModaLisboa. Com o título “Sustentabilidade na Moda: porquê e como?”, as conversas são abertas ao público e arrancam às 18h de quinta-feira, na Sala Luís de Freitas Branco. A moderação é de Joana Barrios.

Duas novas marcas entram no calendário de desfiles

Eureka e Mustra pisam a passerelle no sábado

É a primeira marca de calçado nacional a apresentar uma coleção na ModaLisboa e por isso é caso para exclamar: “Eureka!”. O desfile está marcado para as 17h de sábado, altura em que serão conhecidos os modelos desenhados pela Eureka para o próximo outono/inverno. Nas palavras da marca, “a coleção representa um espírito robusto, sob diferentes perspetivas” e junta lado a lado materiais com detalhes românticos a acessórios militares.

No calendário dos desfiles — e depois das saídas de Nair Xavier, Aleksandar Protic e da marca Cia. Marítima, que não se apresentam nesta edição — há outra estreia: a portuguesa Mustra, marca de alfaiataria, mostra a sua coleção no sábado, às 20h30, inspirada na cidade de Nápoles.

Ricardo Preto e Luís Carvalho fecham os desfiles de sexta-feira e sábado, respetivamente, pelas 21h30, e Nuno Gama encerra a 48ª edição no domingo à mesma hora com uma coleção onde volta a ir buscar inspiração à cultura portuguesa, desta vez ao “lado oculto dos painéis de São Vicente de Fora”.