Ricardo Salgado diz que a verdade virá ao de cima e “então veremos quem são os verdadeiros responsáveis pelo que aconteceu ao BES” (Banco Espírito Santo). Em declarações feitas à TVI, à saída do Tribunal de Supervisão do Santarém, o antigo banqueiro reafirma que não é responsável pela queda do banco que liderou durante mais de duas décadas.

Salgado está a contestar a condenação do Banco de Portugal pelo processo de venda de papel comercial da Grupo Espírito Santo aos balcões do banco. Neste processo, o ex-presidente do BES foi considerado culpado de contraordenações muito graves, tendo sido sancionado com uma coima de quatro milhões de euros e a proibição de exercer cargos na banca durante dez anos.

Sobre esta condenação do supervisor, Salgado realça que agora “estamos verdadeiramente na casa da Justiça, não é a situação anterior do julgamento que foi feito, distorcido, pelo Banco de Portugal, inclusivamente escondendo elementos fundamentais para apurar a verdade”. É uma referência à auto-avaliação, com o apoio da Boston Consulting Group, feita pelo supervisor à sua atuação no caso BES. Este relatório, que será crítico à forma como o Banco de Portugal lidou com a crise no Banco Espírito Santo, também já foi pedido pelo Parlamento, mas Carlos Costa apenas permitiu a divulgação das recomendações.

Auditoria. Banco de Portugal deve ser mais rápido e não recear conflitos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A defesa de Salgado também pediu para ouvir a senhora que assinou a resolução do Banco Espírito Santo, mas o Banco de Portugal recusou. O ex-presidente do BES recusou contudo responder a uma questão sobre o reacender da eventual demissão do governador, precisamente por causa da resolução do Banco Espírito Santo, porque é um tema político

O julgamento do recurso da primeira condenação do Banco de Portugal aos antigos gestores dos BES começou em Santarém onde estão arroladas dezenas de testemunhas. Ricardo Salgado esteve presente e diz-se concentrado na defesa. No total, há 12 arguidos. As condenações mais graves são por atos dolosos de gestão ruinosa para investidores e clientes do banco. Entre estes estão, os subscritores do papel comercial das empresas do Grupo Espírito Santo.

No Tribunal de Santarém está também a ser julgado o recurso do antigo administrador financeiro do banco, Amílcar Morais Pires. Já José Maria Ricciardi, que também foi condenado por negligência, mas sem inibição de exercer cargos, desistiu do recurso, segundo avançou ao Expresso.

“Resolvi desistir da contestação e paguei a multa, que tem um valor baixo, €15 mil, porque a condenação foi por negligência”.