Ganhar um título mundial em duas rodas é complicado. Ganhar um título mundial em quatro rodas é muito complicado. Ganhar (pelo menos) um título mundial em duas e quatro rodas é quase impossível. Mas assim como existiu um Barcelona no futebol, houve um John Surtees no mundo da velocidade. A lenda inglesa morreu esta sexta-feira, aos 83 anos.

Filho de um vendedor de motas, cedo despertou a curiosidade pelas corridas. Ainda assim, nunca descurou a parte extra-prova, tendo começado a trabalhar na fábrica da Vincent como aprendiz aos 16 anos. Dois anos depois, estreou-se no GP de Ulster pela Norton, onde correu em 125cc, 350cc e 500cc. Em 1956 passou para a MV Agusta, tendo sido campeão no primeiro ano (e quarto no campeonato de 350cc, que fez em paralelo com os 500cc).

Depois de um ano menos conseguido – e por menos conseguido entenda-se terceiro lugar, o que não é propriamente mau –, dominou por completo o motociclismo em 1958, 1959 e 1960, sagrando-se campeão mundial de 500cc e 350cc. Duas rodas já começava a ser de menos…

Em 1960, faz a estreia na Fórmula 1 pela Lotus. Seguiu-se a passagem pela Yeoman Racing Team antes de chegar à Ferrari, em 1963, onde se sagraria campeão mundial no ano seguinte (o mesmo em que ficou em terceiro nas 24 Horas de Le Mans). Correu até 1972 nas quatro rodas mas o máximo que conseguiu foi uma segunda posição em 1966.

Esteve ligado ao mundo do automobilismo após abandonar a carreira, tendo sido alvo de várias homenagens. Estava hospitalizado desde fevereiro e a sua morte foi anunciada pela família. “Foi um marido, pai, irmão e amigo apaixonado. Foi um dos grandes do desporto motorizado e continuava a trabalhar intensamente com The Henry Surtees Foundation e o Buckmore Park Kart Circuit”, referia a missiva.

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