A 32.ª edição do Festival Internacional de Cinema em Guadalajara, México, arrancou com mensagens contra a intolerância do Presidente dos EUA e a favor da construção de pontes em vez de muros, incluindo pela voz do português Paulo Branco.

Ao receber na sexta-feira o prémio “Mayahuel de Prata Ibero-americano”, em homenagem à sua carreira artística, Paulo Branco, produtor de centenas de filmes como “Cosmopolis”, de David Cronenberg, afirmou que “não há um muro que possa parar os fenómenos artísticos”.

“Penso que a arte e o cinema, se continuarem a ser subversivos, podem ajudar a derrubar muros”, disse o produtor em alusão à intenção de Donald Trump de construir um muro na fronteira com o México para parar a imigração ilegal.

A atriz mexicana Ofelia Medina recebeu o “Mayahuel de Prata” pela sua carreira cinematográfica e aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem ao Presidente norte-americano “em inglês, para que a entenda”.

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“Obrigada a Donald Trump por nos acordar finalmente. É tarde, mas acordámos. Fizemos a América grande novamente”, disse a atriz, provocando o riso do público.

Ofelia Medina continuou: “A América, para sua informação, é do Alasca até à Patagónia, nós somos americanos”.

De seguida, em tom de brincadeira, uma banda mariachi cantou a música “I Will Survive”, enquanto no ecrã passavam imagens da bandeira e ícones norte-americanos.

Também na sexta-feira, o diretor irlandês Jim Sheridan estreou a sua curta-metragem “11 horas”, protagonizada pela atriz mexicana Salma Hayek e que aborda a tolerância para com as minorias.

Paulo Branco homenageado

Paulo Branco foi homenageado no festival por ser, segundo a organização, um dos “produtores independentes mais prolíficos e criativos na Europa”.

A propósito desta homenagem, o festival exibe uma dezena de filmes por ele produzidos, entre os quais “Os belos dias de Aranjuez”, de Wim Wenders, e “Francisca”, de Manoel de Oliveira.

Até 17 de março, o festival terá ainda quatro filmes portugueses ou de coprodução portuguesa em competição, já anunciados anteriormente, entre os quais “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, recentemente distinguido com o Urso de Ouro em Berlim.

“O comboio de sal e açúcar”, do realizador moçambicano Licínio Azevedo, uma coprodução entre a portuguesa Ukbar Filmes e a moçambicana Ébano Multimédia, competirá no programa de longas-metragens ibero-americanas de ficção.

O filme “Ama-San”, de Cláudia Varejão, foi selecionado para a competição ibero-americana de documentários.

Há ainda duas curtas-metragens portuguesas na competição ibero-americana: “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, e “Fim de Linha”, filme de animação de Paulo D’Alva e António Pinto.

No programa “Europa – Novas Tendências” estará “Porto”, longa-metragem do realizador brasileiro Gabe Klinger, rodada em 2015 no Porto e coproduzido por Portugal.