O primeiro-ministro português e secretário-geral do PS, que está em Berlim em representação do Partido Socialista (PS), defendeu esta segunda-feira o reforço do pilar europeu da NATO, considerando que não se pode “capitular” na segurança e defesa face a derivas nacionalistas e riscos de isolacionismo dos Estados Unidos. António Costa assumiu estas posições na capital alemã no segundo e último dia da Convenção da Aliança Progressista, organização que integra partidos socialistas, trabalhistas e democratas de vários continentes.

Falando num painel de líderes políticos subordinado ao tema “Sem paz, tudo é nada”, o secretário-geral do PS defendeu a tese de que uma União Europeia “unida, forte e mobilizada”, assumindo um papel de “ator global”, é condição essencial para a estabilidade, sobretudo quando o próprio continente europeu se depara na sua vizinhança com focos de conflito a leste ou a sul, que constituem “ameaças à segurança”.

“Não podemos capitular, temos de reforçar a nossa capacidade de defesa e segurança, no quadro da NATO, fortalecendo tanto mais o seu pilar europeu quanto o risco de isolacionismo pode aumentar nos EUA. Os nossos cidadãos temem a ameaça terrorista e destruição do nosso modo de vida”, vincou o líder dos socialistas portugueses.

Para António Costa, por isso, “só com maior cooperação policial, judicial e entre serviços de informação se poderá ser eficaz no combate a terrorismo”. “Só em comum podemos afirmar os valores da tolerância, da laicidade, do diálogo intercultural, da integração que previnam a radicalização”, frisou ainda. Na sua intervenção, o secretário-geral do PS começou por fazer a defesa do papel das Nações Unidas na atual conjuntura mundial e da necessidade de reforço do multilateralismo no sistema de relações internacionais.

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“Perante o atual quadro de incerteza a nível global, com instabilidade e imprevisibilidade nas relações internacionais, com constantes desafios à paz entre os povos e com o emergir de movimentos e derivas nacionalistas e populistas, não podemos ter outra resposta que não seja o reforço do multilateralismo nas relações internacionais. Nos últimos meses temos assistido a um conjunto de declarações de vários líderes políticos de diversos países a lançar acusações, muitas vezes xenófobas, que apenas potenciam os egoísmos nacionais e colocam em risco as relações entre Estados e entre povos”, advertiu o primeiro-ministro português.

Perante estes fenómenos, António Costa considerou “absolutamente necessário” renovar-se “o compromisso com o sistema das Nações Unidas e todas as organizações e plataformas multilaterais, e relançar a ação externa no contexto multilateral”. Outro ponto da intervenção do secretário-geral do PS relacionou-se com o debate em curso sobre o futuro da União Europeia, ponto em que voltou a defender o aprofundamento da União Económica e Monetária (UEM).

Segundo António Costa, é necessário que a União Europeia avance “assente em bases sólidas e num movimento mobilizador dos cidadãos”. “Por isso, é preciso concluir a UEM, estabilizar o euro, retomar a convergência, o crescimento, o emprego”, advogou o líder socialista. No domingo, no primeiro dos dois dias de convenção em Berlim, António Costa foi eleito para a direção política da Aliança Progressista.

Além de António Costa, vão integrar o ‘Board’ da Aliança Progressista o chanceler da Áustria, Christian Kern, o antigo primeiro-ministro belga Élio di Rupo, o ex-presidente do Parlamento Europeu e candidato do SPD ao cargo de chanceler alemão Martin Schulz, e o presidente da Junta Geral do Principado das Astúrias e presidente da Comissão Gestora dos socialistas espanhóis (PSOE), Javier Fernández.

Foram ainda eleitos para a direção política da Aliança Progressista o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, o antigo Governador do Estado de Maryland (EUA) e dirigente do Partido Democrático Martin O’Malley, o primeiro Secretário do PSF (França), Jean-Christophe Cambadélis e Piero Fassino (em representação do Partido Democrático de Itália.