Já contámos aqui esta tarde a história de Jonah Kipkemoi Chesum, o paralímpico queniano que tinha como função marcar o ritmo da maratona de Barcelona mas que acabou por vencer a prova. Com isso, fez história e é falado em todo o mundo. Mas por trás de uma grande história existe uma ainda maior – a de Adnan Almousa, um refugiado sírio que cumpriu os 42,195 quilómetros de cadeira de rodas. Ganhou, no mínimo, o óscar de melhor ator secundário.

Como conta o El Periódico, Adnan foi um dos atletas mais procurados ainda antes do início da prova, com muitas saudações dos presentes. Há cinco anos, o jovem sírio que vivia em Homs ia de bicicleta comprar pão quando, ao atravessar uma ponte, foi alvo do fogo cruzado e acabou baleado nas costas. Hoje, com 19 anos, está a tirar um bacharelato em engenharia enquanto aproveita todas as ocasiões para fazer desporto. Neste caso, uma maratona – a primeira.

“Comecei para mexer-me, para ter força no corpo, mas também para sair da depressão. Já tinha feito duas provas no Líbano mas de dez quilómetros”, referiu o sírio que vive hoje com a família no norte do Líbano. Mas como aparece de repente na maratona de Barcelona?

Atletismo. Jonah, a lebre que nos fez a todos de tartarugas

“Contactaram-nos e falaram-nos deste jovem, dizendo que precisavam de ajuda. E dissemos que sim”, explicou um dos voluntários da organização “Corre amb mi”, que ajudou Adnan Almousa a terminar a maratona quase quatro horas e meia depois. A semente, essa, foi uma entrevista concedida há umas semanas a Txell Feixas, correspondente no Líbano da Rádio Catalunha e TV3. A operação foi “uma odisseia”, mas o sírio veio mesmo para Barcelona. E só fez a corrida de cadeira de rodas porque a bicicleta de três rodas pelo clube de atletismo Nou Barris era demasiada sofisticada.

Valeu a pena. E terminar a corrida foi mais do que uma vitória na vida de Adnan Almousa.

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