O ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes disse esta terça-feira que o caso de “doença dos legionários” detetado numa fábrica na Maia, Porto, está “controlado e mitigado”, e indicou que estão a ser tomadas “medidas cautelares”. As medidas cautelares estão a ser tomadas. Penso que é um caso relativamente controlado e mitigado e, portanto, aguardaremos as informações que a Direção-Geral de Saúde e o Ministério do Ambiente irão divulgar nos próximos dias”, afirmou o governante.

Falando aos jornalistas à margem da cerimónia de apresentação dos novos centros de saúde para Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento, admitiu, contudo, não ter “mais nenhuma informação do que aquela que foi publicitada ontem [segunda-feira]”. “Fui informado pelo senhor diretor-geral de Saúde ontem [segunda-feira] e, naturalmente, que ele, enquanto autoridade nacional de saúde, age como é de protocolo nestas situações”, vincou.

Na segunda-feira, o diretor-geral de saúde, Francisco George disse à Lusa que “o Instituto Ricardo Jorge identificou a relação causa-efeito entre as secreções pulmonares de um doente com pneumonia provocadas por uma bactéria que é a mesma detetada na água da torre de arrefecimento da respetiva empresa fabril”.

De acordo com Francisco George, o caso foi sinalizado na última semana de fevereiro. “Todas as medidas foram tomadas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências. Prosseguem os estudos em mais sete casos que foram diagnosticados nas últimas semanas”, afirmou Francisco George que não quis, para já, adiantar qual a fábrica afetada pelos casos de Legionella, nem se a unidade foi encerrada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A doença, provocada pela bactéria legionella pneumophila, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.

Na segunda-feira, a Direção Geral de Saúde (DGS) revelou a existência de um caso confirmado de “doença dos legionários” numa fábrica da Maia, no distrito do Porto. Além desse, encontram-se “em estudo” outros sete casos, tendo sido tomadas “todas as medidas para controlar o problema e prevenir novas ocorrências”.

Presidente da câmara diz que não foi avisado

O presidente da Câmara Municipal da Maia Bragança Fernandes criticou a DGS por não ter avisado autarquia que havia um caso de “doença dos legionários” numa fábrica do concelho. Em declarações à Agência Lusa, Bragança Fernandes afirmou que não foi contactado pela DGS, pelo que desconhece a origem do caso e se vê “sem dados para poder por em ação” os seus meios de Proteção Civil.

Acho grave que não avisem a câmara”, disse o presidente. “Não sabemos de nada. Devíamos ter sido alertados para acionarmos meios no sentido de salvaguardar a população. Deveríamos ter meios para podermos vigiar a zona – mas nem sabemos onde é – e proteger a população em causa.”

Fernandes relatou que, confrontado com perguntas sobre o caso de Legionella, procurou saber o que se passava junto das estruturas locais ligadas à área da Saúde (nomeadamente delegações locais). Estas, porém, admitiram “não saber de nada”, à semelhança do que lhe foi dito pela equipa local de Proteção Civil.

Identificada fábrica onde foi detetado caso de Legionella

O caso confirmado da “doença dos legionários” diz respeito a um trabalhador da empresa Sakthi, na Maia, que foi visitada durante a manhã desta terça-feira por uma equipa da Direção-Geral do Ambiente.

Em declarações aos jornalistas, Jorge Fesch, presidente da administração da Sakthi, revelou que o caso foi detetado em novembro de 2016. O foi imediatamente tratado e encontra-se bem de saúde. Testes posteriores detetaram a bactéria da Legionella numa das torres de arrefecimento, mas o assunto já se encontra “dominado”.

Desde então, assegurou, a empresa “reforçou” os procedimentos que já vinha cumprindo “há muito tempo” para “prevenir várias eventualidades”. As análises efetuadas “por empresas acreditadas” às várias torres de refrigeração sempre se revelaram negativas, não tendo o caso sido reportado à DGS ou à Inspeção-Geral do Ambiente.

“Não tratámos com nenhuma autoridade especificamente, foram procedimentos internos da empresa”, afirmou o administrador, assegurando que a empresa “é toda ela certificada em variadíssimos domínios, nomeadamente no ambiente, e portanto tomou sempre as medidas que preservam o ambiente de acordo com as recomendações da legislação em vigor e até das recomendações internacionais”.

De acordo com Fesch, este é o único caso de Legionella detetado entre os trabalhadores da Sakthi. Os outro sete referidos pela DGS dirão respeito a outras empresas. Ainda segundo o presidente, a visita da equipa da Direção-Geral do Ambiente, que estive a colher amostras, “faz parte do procedimento em curso”.

De acordo com Jorge Feshc, a Sakthi foi abordada pela DGS em fevereiro passado para “aprofundar” a situação — da qual terá sido notificada pelo hospital para onde foi encaminhado, em novembro, o trabalhador – tendo sido uma das análises entretanto efetuadas diretamente por este organismo que detetou a existência da bactéria numa das torres da refrigeração da empresa.