O ex-Presidente brasileiro, Lula da Silva rejeitou esta terça-feira a acusação de obstrução das investigações da Operação Lava Jato e disse estar a sofrer um “massacre” durante o primeiro depoimento à Justiça, como réu de um processo de corrupção.

Vocês não sabem o que é acordar todo o dia com medo de a imprensa estar na sua porta, achando que você vai ser preso”, disse em depoimento prestado na 10.ª Vara Federal de Brasília.

Lula da Silva está a ser investigado por alegada obstrução às investigações de corrupção na Petrobras ao supostamente tentar comprar o silêncio do ex-diretor da petrolífera estatal Nestor Cerveró, um dos primeiros delatores dos esquemas de corrupção na empresa.

Além dele, o ex-senador brasileiro Delcídio do Amaral, o empresário José Carlos Bumlai e o banqueiro André Esteves estão envolvidos neste mesmo processo.

A investigação começou após a gravação de uma ligação telefónica feita por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, com o ex-senador Delcídio do Amaral.

O ex-senador ofereceu dinheiro e influência política junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) em troca do silêncio do ex-dirigente da estatal nos depoimentos da Lava Jato, mas acabou por ser preso quando a gravação foi divulgada.

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Ao fechar um acordo de delação premiada (colaboração em troca da redução da pena) com o Ministério Público Federal (MPF), Delcídio do Amaral acusou Lula da Silva de ter sido o mandante das propostas feitas ao filho de Nestor Cerveró, constantes no telefonema.

No depoimento que deu esta terça-feira, o ex-Presidente negou conhecer Nestor Cerveró e disse que nunca teve o interesse de impedir o depoimento do ex-diretor da Petrobras.

Só tem um brasileiro que poderia ter medo da delação do [Nestor] Cerveró, que é o Delcídio [do Amaral]. Eu não tive nenhuma preocupação com depoimento de nenhum diretor da Petrobras”, disse Lula da Silva.

Esta denúncia contra o ex-Presidente brasileiro foi aceite em julho de 2016, mas tanto Lula como os outros réus negam as acusações.