O primeiro-ministro António Costa terá dado ordens ao Ministério da Educação para travar o avanço das alterações curriculares em todas as escolas no próximo ano letivo, de maneira a evitar potenciais críticas que pudessem ter impacto nas autárquicas. De acordo com o jornal i, as instruções de António Costa terão sido dadas depois do ministro Tiago Brandão Rodrigues e do secretário de Estado João Costa terem dado explicações (publicamente e no Parlamento) sobre as mudanças.

Escreve ainda o jornal que a solução encontrada pelo Ministério da Educação, para não recuar em toda a linha, passa por testar as alterações através de projetos-piloto em apenas 50 escolas.

Acontece que a opção pelos projetos-piloto não se apresenta como novidade, tirando o número 50. Os responsáveis pela pasta da Educação nunca se comprometeram a introduzir alterações curriculares em todas as escolas em setembro. Desde logo, o secretário de Estado da Educação, João Costa, deixou claro que não se está “a falar de reforma curricular”, mas sim “de uma forma diferente de gerir o currículo”. E, em outubro, em entrevista ao DN, já dizia que as mudanças — a ser estudadas ainda — poderiam ser aplicadas na totalidade ou em “algumas escolas”, consoante o trabalho que viesse a ser desenvolvido. Esta ideia de mudança “gradual” foi sendo repetida pelos governantes desde então. E, inclusive, comunicada aos diretores de escola numa reunião há cerca de 15 dias.

Questionado pelo jornal i, o gabinete de António Costa remeteu para o Ministério da Educação que optou por repetir uma resposta que tinha enviado anteriormente: “A construção de instrumentos de flexibilização curricular tem vindo a acontecer num diálogo intenso com as escolas, com as associações profissionais, com as sociedades científicas, com diretores e peritos em educação, envolvendo no debate também as associações de pais e os estudantes. A sua divulgação e respetivas estratégias de implementação acontecerá logo que esse trabalho esteja concluído”.

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O Observador também confrontou o Ministério com o conteúdo da notícia do jornal i, mas fonte oficial recusou-se a comentar, repetindo a resposta acima plasmada.

Como tal, resta esperar pela apresentação dos resultados desse trabalho para se saber exatamente onde avançarão as mudanças e quais as alterações que vão chegar às escolas no próximo ano. Mas deverão ter várias frentes: currículos, tamanho das turmas, autonomia das escolas e novas competências para os alunos, como explicou aqui o Observador.

Educação. As mudanças a caminho para o próximo ano letivo

(Notícia atualizada com contexto das declarações dos governantes nos últimos meses)