Frederico Morais teve esta madrugada uma estreia de sonho na Liga Mundial de surf. Às 2h57 portuguesas, Kikas soube que tinha iniciado o Quiksilver Pro Gold Coast com uma vitória no 10.º heat, qualificando-se de forma direta para a terceira ronda da prova. Foi um início fantástico, com momentos de suspense, mas que acabou por confirmar todo o potencial do único rookie até esse momento a conseguir a qualificação automática.

Kikas tinha pela frente dois adversários com (boa) experiência na primeira prova da época: Filipinho, que no ano passado só caiu nas meias-finais frente ao vencedor Matt Wilkinson, ganhou a edição de 2015, batendo Julian Wilson na final; Buchan, ou Ace, ficou nos quartos-de-final em 2016, ano em que conseguiu dois pódios na temporada.

A primeira pontuação que ficará para a história do surfista português foi 6.33, a mesma de Filipe Toledo na primeira onda. A seguir, um 2.93 (9.26 acumulado) colocava Frederico Morais na liderança muito provisória do heat: Filipinho passa para os 11.00, Buchan aparece com 10.76, o brasileiro sobe a fasquia para 13.93. E ui! Que onda! Kikas consegue um 8.73 que o coloca de novo na frente com 15.06. Mais do que os vencedores de cinco heats anteriores tinham conseguido.

Mesmo para quem não acompanhe assim tanto a modalidade, a emoção foi uma espécie de café da madrugada portuguesa para abrir a pestana e acompanhar em direto a manhã australiana. Conseguiria Frederico Morais uma estreia de sonho by Advertisement” href=”#53181736″> logo com a vitória no seu heat da primeira ronda? A costela nacional queria responder que sim, mas Filipe Toledo estava mesmo ali para “chatear” e conseguiu passar de novo para a frente por apenas quatro centésimas (15.10-15.06). Faltavam uns oito minutos. Sete. Seis. Cinco. Quatro. E Kikas volta a tentar melhorar a marca daquela primeira onda de 6.33. Faltava apenas 0.5. Mas a meio desiste, não era aquela a onda da glória.

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No último minuto, Filipinho ainda tenta mas desiste da onda que Frederico Morais consegue apanhar. No areal, uma bandeira portuguesa bem à vista. Teria chegado? Pontuações que é bom, nada. E o brasileiro ainda fez uma última tentativa mesmo em cima do som da buzina para o final do heat. Momentos de suspense. Repetições. E mais uns momentos de suspense, porque quem sabe não somos nós mas quem dá as notas. 6.97 para Kikas, total de 15.70, primeiro lugar. Faltava avaliar a última onda de Filipe Toledo. Não deu, não chegou. Estava feita história.

“Sabia que ia ser muito difícil, contra o Filipe e o Adrian, mas tentei concentrar-me no meu surf, tentei divertir-me. Na última onda arrisquei, tinha de ser ali porque era a última oportunidade. Acredito que vai ser um grande ano, trabalhei toda a minha vida para isto”, salientou nas primeiras declarações após a prova.

Além de Frederico Morais, já se tinham apurado para a terceira ronda Jadson André, Matt Wilkinson, Kolohe Andino, Gabriel Medina (que saiu lesionado), Jordy Smith, John John Florence, Mick Fanning, Julian Wilson, Joel Parkinson, Adriano de Souza e Owen Wright. Veja em baixo o resumo de cada um.

Heat 1

Os brasileiros, que estão a ter uma série de jogos de futebol a esta hora mas só querem é seguir o surf, começaram da melhor forma a primeira prova do circuito mundial – Jadson André qualificou-se de forma direta para a terceira ronda, vencendo com 11.46 o polinésio Michel Bourez (10.27) e o americano Conner Coffin (9.40). Curiosamente este último até tinha sido o melhor entre os três no ano passado na Gold Coast. Após um último ano difícil, Jadson quer mostrar que está pronto para voltar a brilhar.

Heat 2

Regressamos de novo aos brasileiros: a estreia de Ian Gouveia entre os melhores dos melhores 25 anos depois da primeira vitória de um brasileiro na elite surfista (Fábio Gouveia… o seu pai). Que não teve o sucesso de Jadson André – terminou na terceira e última posição do heat com apenas 8.13. Mas vá, confessemos: não era uma tarefa fácil, até porque tinha pela frente o vencedor do ano passado, os australianos Matt Wilkinson (13.67) e Stuart Kennedy (8.83). No primeiro heat de 2016, que ganharia após triunfo sobre Kolohe Andino, Wilkinson conseguiu uma pontuação de 17.00.

Heat 3

Kolohe Andino, americano que foi finalista na Gold Coast em 2016, começou bem a prova, qualificando-se de forma direta para o round 3 após vencer numa luta apertada o australiano Jack Freestone (11.33-10.67). E se Andino parece estar disposto a provar todo o seu talento com apenas 22 anos, Kanoa Igarashi, que até começou o ano com a vitória na primeira prova das Qualifying Series (Shoe City Pro, na Califórnia) teve uma manhã para esquecer na Austrália: fez apenas 3.10 pontos.

Heat 4

Era o primeiro grande momento da manhã: entrava em ação o brasileiro Gabriel Medina, campeão do mundo em 2014, ano onde ganhou também o Quiksilver Pro Gold Coast. Tudo parecia correr bem ao mais novo canarinho de sempre a chegar à Liga Mundial, com uma pontuação de 16.50 a esmagar o compatriota Wiggolly Dantas (10.90) e o rookie havaiano Ezequiel Lau (10.70). No entanto, ao sair da água, Medina estava a coxear de forma ligeira com problemas no joelho direito.

Heat 5

É quase trintão mas está aí para as curvas: o sul-africano Jordy Smith, aquele que ficou também conhecido nas passagens por Portugal por ir ver sempre os jogos do Benfica e logo para o meio da claque, não esteve no seu melhor mas ainda assim conseguiu uma vitória apertada sobre o brasileiro Miguel Pupo (11.93-11.77). O americano Nat Young fechou a classificação com 10.66. Curiosamente, Smith, que foi vice-campeão mundial em 2016, nunca teve um grande histórico nesta prova de abertura desde 2010, quando perdeu a final para o australiano Taj Burrow.

Heat 6

Depois do vice, o campeão: o havaiano John John Florence começou o ano da defesa do título com uma passagem fácil à terceira ronda com um total de 16.83, bem à frente do australiano Mikey Wright (13.50) e do rookie australiano Connor O’Leary (8.20). O primeiro campeão havaiano depois do mítico Andy Irons acabou por ser um dos maiores focos de atenção do dia e não desiludiu a confiança.

Heat 7

Era o grande embate do dia: o americano Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial e um dos favoritos a ganhar o título esta época apesar dos 45 anos, e o australiano Mick Fanning, três vezes campeão mundial (a última em 2013) e que está de regresso à elite depois de um período sabático também motivado pelo ataque de um tubarão que sofreu em 2015. Até perto do fim, até foi o outsider, o francês Jeremy Flores, a estar à frente com 13.13; no entanto, Fanning acabou por ganhar com 13.27, relegando para as repescagens Slater que conseguiu apenas a pontuação de 11.20.

Heat 8

Por falar em Fanning, Julian Wilson, australiano que estava na água em 2015 com o compatriota quando houve o ataque do tubarão, percebeu desde cedo que iria ganhar o heat mas não tirou o pé da tábua, terminando com 16.80 e a promessa de que pode ir longe numa prova onde foi finalista em 2015, perdendo para Filipe Toledo. O jovem italiano Leonardo Fioravanti, de 18 anos, que faz também o seu ano de estreia na Liga Mundial, terminou com 12.07, ao passo que o brasileiro Caio Ibelli fez 10.90.

Heat 9

O australiano Joel Parkinson está mesmo a jogar em casa e não demorou a mostrar isso mesmo: o vencedor das edições de 2002 e 2009 e finalista vencido em 2013 e 2014 começou o heat com o primeiro “nove” da época, que lhe permitiu depois um maior conforto para gerir a vantagem. O campeão mundial de 2012 terminou com 16.86, mas não se livrou de um susto no final do rookie francês Joan Duru, que com um 8.33 chegou aos 16.40. O brasileiro Italo Ferreira foi terceiro com 11.66.

Heat 11

O brasileiro Adriano de Souza, campeão mundial em 2015, tem o Quiksilver Pro Gold Coast atravessado depois das finais perdidas em 2009 (Joel Parkinson) e 2012 (Taj Burrow). E começou a edição de 2017 com toda a força: nas primeiras três ondas, fez um 7.00 e um 9.17 que lhe permitiu assegurar a passagem direta à terceira ronda (16.17). O australiano Bede Durbidge, que começu com um 8.17, ficou em segundo com 15.44, à frente do compatriota Josh Kerr (11.33).

Heat 12

A primeira ronda terminou da melhor forma, com um confronto muito interessante entre o australiano Owen Wright – primeiro surfista a conseguir duas notas máximas numa ronda, em 2015 – e o compatriota Ethan Ewing, que faz a estreia na Liga Mundial. O jovem de 18 anos até começou da melhor forma com um 9.10, mas acabou por ceder face à regularidade de Wright, que conseguiu um 8.23 e um 8.60, terminando em primeiro lugar com 16.83 face aos 15.27 de Ethan Ewing. O havaiano Sebastian Zietz ficou no terceiro lugar com 12.20.