Nos anos 1970 acreditava-se que fazer dieta equivalia a reduzir o consumo de calorias e a seguir uma alimentação baixa em gorduras. Hoje em dia, um método habitual de perda de peso restringe totalmente os hidratos de carbono e exige uma prática regular de exercício físico. Ambas são tendências nutricionais pouco ou nada sustentadas em estudos científicos e que falham a cumprir aquilo que prometem. Dos sumos detox aos alimentos sem açúcar, passando pelos populares superalimentos, existem falácias nutricionais que se tornaram moda mas que agora começam também a ser refutadas. Com a ajuda de especialistas em nutrição, reunimos oito novos livros que deitam por terra vários mitos das dietas antes de começar um novo plano alimentar (a pensar na operação fato de banho). Ora tome nota:

“Alimentos sem açúcar são saudáveis”

O Plano Detox de Açúcar, Kurt Mosetter e Wolfgang Simon

Os avisos de saúde sobre diabetes e obesidade têm vindo a aumentar e, com eles, o açúcar tornou-se o vilão da alimentação moderna. Razões suficientes para os alimentos sem açúcares adicionados estarem na base de grande parte das dietas da moda atuais. No entanto, um alimento “sem açúcares adicionados” não significa que seja saudável ou que tenha um baixo conteúdo de açúcar. “Conheça os açúcares que consome”, escrevem Kurt Mosetter e Wolfgang Simon no novo livro O Plano Detox de Açúcar, dando como exemplos “a sacarose, a glicose, a frutose, a maltose e o amido hidrolizado”, outras designações onde se esconde o açúcar, e também o “xarope de milho e até mesmo o mel”.

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O livro foi publicado pela Vogais e custa 16,99€.

“Um plano detox emagrece”

Em Estado Puro, Teresa Barata

Nem sempre. Este é mais um dos mitos que leva até os mais céticos a abdicar da comida e a beber só líquidos durante vários dias na esperança de perder peso. Um programa detox pode ser a forma perfeita de iniciar uma mudança de hábitos alimentares que podem indiretamente mudar o seu corpo, mas os efeitos mudam de pessoa para pessoa. Palavra de Teresa Barata na obra Em Estado Puro, onde desmitifica os benefícios de um plano de desintoxicação. “O excesso de toxinas afeta a capacidade do organismo de queimar gorduras eficazmente e abranda o metabolismo. A quantidade de peso perdido durante um detox pode variar muito de pessoa para pessoa, dependendo de vários fatores”, diz a autora.

O livro foi publicado pela Arena e custa 13,40€.

No entanto, o plano detox deve funcionar como um incentivo. “Quando o terminamos, sentimo-nos tão bem que é frequente ficarmos com uma grande força de vontade para conseguir excluir aqueles alimentos a que nos habituámos e que nos fazem tão mal, como o açúcar, os alimentos processados ou o café em excesso.” Logo, “se não conseguir perder o peso desejado durante o programa, basta ter alguns cuidados nos dias imediatamente a seguir, de forma a dar continuidade aos efeitos do mesmo, e rapidamente conseguirá atingir o que pretende”, promete Teresa Branco.

“Os hidratos de carbono fazem mal”

Estilo de Vida – A Dieta que Resulta, Alexandre Fernandes

A eliminação/restrição total dos hidratos de carbono é prejudicial à saúde e leva a sintomas como hipoglicemia, mau humor, dores de cabeças, tonturas, cansaço, fadiga, falta de concentração, fraco rendimento nas atividades exercidas, entre muitos outros sintomas”, defende o nutricionista Alexandre Fernandes, em parceria com o preparador físico João Lapa, no novo livro Estilo de Vida – A Dieta que Resulta. Opte antes por um plano alimentar que reduza a ingestão de hidratos de carbono sem os erradicar completamente.

Uma dieta encarada como eficaz para uma pessoa pode não ser tão proveitosa para outra. No entanto, de uma forma geral, a redução da quantidade de hidratos de carbono ingerida diariamente pode conduzir a bons resultados para quem procura emagrecer”, escreve Alexandre Fernandes.

O livro foi publicado pelo Clube do Livro e custa 14,90€.

Logo, a proposta half-carbs é estruturada para proporcionar a perda de peso. “Se reduzir para metade a ingestão dos hidratos de carbono que costuma comer diariamente, pode chegar a economizar mil calorias por dia. Num prazo de 15 dias, isso pode significar uma perda de até três quilos”, acrescenta o autor.

“Uma alimentação vegetariana é desequilibrada”

Dieta à Sua Medida, Maria João Ibérico Nogueira

Muito pelo contrário. Uma dieta vegetariana, se for efetuada corretamente, traz muitas vantagens pois inclui muitos legumes e fruta, sendo por isso rica em vitaminas, sais minerais, fibra e água. Quem o diz é a nutricionista Maria João Ibérico Nogueira, onde oferece quatro registos alimentares diferentes para alternar durante um mês na obra Dieta à Sua Medida. É lá que deixa o aviso: a dieta vegetariana é considerada saudável se efetuada de forma equilibrada.

O livro foi publicado pela Chá das Cinco e custa 15,50€.

“Contrariamente ao que se possa pensar, este tipo de alimentação fornece as doses diárias de proteína que necessitamos, embora em quantidades inferiores quando comparadas com a dieta omnívora. No entanto, esta digestão poderá ser uma vantagem, uma vez que ajuda os vegetarianos a absorverem melhor o cálcio da dieta (pois o excesso de proteína diminui a absorção de cálcio) e a consumir menos gordura, pois ao eliminarem a proteína de origem animal, eliminam também a gordura que muitas vezes lhe está associada”, conclui a nutricionista.

“O exercício físico é obrigatório”

Seja Feliz Sem Dietas, Mafalda Rodiles

“Este é o meu passo mais polémico, mas a verdade é que o exercício físico não é obrigatório para emagrecer. Não tenho dúvidas de que é ótimo para a sua vida, para o seu dia a dia, e recomendo vivamente que o faça, porque aumenta a sensação de bem-estar, deixa o corpo mais tonificado e mais bonito, reduz o stresse, ou seja, tem inúmeros benefícios”, conta a atriz Mafalda Rodiles no Seja Feliz Sem Dietas onde partilha a sua história de vida desde os primeiros dias como atriz nos Morangos com Açúcar.

O livro foi publicado pela Oficina do Livro e custa 16€.

“O exercício quase que atua numa outra esfera, é um complemento e não uma condição para emagrecer. É comum ouvirmos que para emagrecer precisamos de comer menos e de fazer exercício; ora bem, se comer menos e fizer exercício, até pode achar que vai emagrecer, mas a coisa mais provável é que, ao gastar mais energia, você tenha mais fome, que é uma reação natural do corpo e se tem mais fome, vai comer mais, se come mais, talvez não emagreça.”

“Fazer dieta é contar as calorias”

Liberta-te das Dietas!, David Ludwig

Falso. Contar calorias por contar vai causar, antes de mais, sofrimento. Se todas as calorias forem iguais, então não existem “alimentos maus” ou “alimentos saudáveis”. Na opinião de David Ludwig, em Liberta-te das Dietas!, “o conceito ‘uma caloria é uma caloria’ provocou a criação de produtos bizarros tais como doces, bolachas e molhos de salada light, contendo geralmente mais açúcar de que as versões originais.”

Acreditaremos de facto que, para uma pessoa em dieta, um copo de Coca-Cola com 100 calorias é uma merenda melhor do que uma dose de 29 gramas de frutos secos, contendo 200 calorias?”, pergunta David Ludwig.

O livro foi publicado pela Matéria-Prima Edições e custa 16,80€.

“Perder peso? Só sentindo fome”

Como Controlar o Açúcar no Sangue, Michael Mosley

Um dos mitos mais comuns sobre a perda de peso é que se cortar nas calorias dramaticamente, vai sentir fome o tempo todo. Em Como Controlar o Açúcar no Sangue, o especialista Michael Mosley defende que esta afirmação é falsa porque, geralmente, numa dieta a fome desaparece após 48 horas. “Algumas pessoas têm problemas, como dores de cabeça, mas esses devem-se em geral à desidratação. Ficam a faltar-lhes os fluidos que normalmente ingerem através da comida e, para além disso, como queimam gordura também perdem água. Se não se beber o suficiente, a tensão arterial pode descer e pode causar desmaios. Para antecipar e evitar este cenário, deve aumentar-se o consumo de líquidos”, escreve no novo livro.

O livro foi publicado pela Lua de Papel e custa 14,90€.

“Superalimentos combatem doenças”

Superalimentos: refeições com mais vida, Mafalda Rodrigues de Almeida

“Apesar de não existir uma definição científica oficial do que constitui um superalimento, sabe-se que contém níveis elevados de determinados nutrientes, como vitaminas, minerais ou fitoquímicos, e que é especialmente benéfico para a saúde”, escreve Mafalda Rodrigues de Almeida no livro Superalimentos, refeições com mais vida. No entanto, por muito que as bagas goji sejam anticancerígenas e os mirtilos reduzam o colesterol, nenhum superalimento poderá compensar uma alimentação desequilibrada, qualquer que seja o seu benefício para a saúde.

Se seguir uma alimentação disfuncional, rica em açúcares e gorduras saturadas, a ingestão de superalimentos poderá ajudar a atenuar alguns estragos na saúde, mas não será o suficiente para os eliminar“, afirma a autora.

O livro foi publicado pela Chá das Cinco e custa 17,70€.