Os procuradores do processo alegaram sete motivos para pedir o adiamento até ao final de junho para concluir o despacho de acusação do caso Sócrates. Um prazo que a PGR aind avai analisar, tomando decisões apenas no final de abril

Atrasos de Angola…

Segundo os procuradores, e de acordo com o comunicado da PGR, “terá existido um atraso no cumprimento dos pedidos de cooperação internacional dirigidos a Angola, para constituição e interrogatório de um arguido”. O comunicado não refere o nome, mas no caso angolano trata-se de José Paulo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates, que deverá ser constituído arguido por ser um dos alegados testa-de-ferro do ex-primeiro-ministro.

… e atrasos da Suíça

Há também outra carta rogatória enviada para a “Suíça, para utilização de meios de prova já disponibilizados para outro inquérito e para obtenção de dados bancários” que ainda não teve reposta. A PGR assinala “que o atraso no cumprimento desta última carta rogatória fica a dever-se à oposição de um arguido”. O semanário Sol noticiou recentemente que Henrique Granadeiro, ex-presidente da Portugal Telecom e arguido na Operação Marquês, tinha deduzido oposição nos tribunais suíços à quebra do sigilo bancário das suas contas no Banco Pictet

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Resposta de Inglaterra só há uma semana

A PGR explica ainda que os dados relativos uma carta rogatória que havia sido remetida ao Reino Unido só chegaram há uma semana. “O cumprimento recente (há cerca de uma semana) de uma carta rogatória que havia sido remetida ao Reino Unido”, é assim o segundo motivo evocado pelos procuradores. Isto é, a documentação ainda não foi devidamente analisada.

Novos factos

O comunicado fala ainda na “identificação de novos factos relevantes no decurso das diligências de recolha de prova que, por sua vez implicaram a realização de novas diligências e a necessidade de reapreciação da documentação já recolhida”. Estão em causa as últimas buscas, interrogatórios e apreensão de documentos relacionados com os negócios da PT e as movimentações de dinheiro do GES.

Falhas nos relatórios da PJ

O comunicado alega ainda os argumentos dos procuradores sobre a “insuficiência dos relatórios de análise de prova, apresentados pelo órgão de polícia criminal, em relação a alguns segmentos”. Algo que, dizem, “obriga o Ministério Público a realizar pesquisas na totalidade do acervo de prova”, o que tem dificultado “a elaboração do despacho final nos segmentos em questão”.

Arguido quer mais investigação

Segundo os procurados explicaram à PGR, “no decurso dos recentes interrogatórios foi suscitada, por um dos arguidos, a realização de novas diligências, cuja pertinência importa apreciar”. Ou seja, haverá mais buscas e mais investigação a fazer.

O intrincado caso PT e o que ele obriga

Outra dos argumentos para pedir o adiamento é o caso PT. Segundo a equipa de Rosário Teixeira, há uma “necessidade de aprofundar alguns segmentos da investigação, designadamente o relacionado com a PT”, visto que este “conheceu desenvolvimentos recentemente e que carece de maior análise, em particular para responder algumas justificações apresentadas pelos arguidos”.