A agência de rating atribui uma notação de B- à emissão de dívida perpétua pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), ainda mais baixo do que a notação de alto risco que já é dada ao banco público. O rating de B- é, pela própria definição da agência, “altamente especulativo“, ou seja, com elevado risco de haver incumprimento pelo menos parcial. Ainda assim, o presidente Paulo Macedo já mostrou confiança de que irá haver uma boa procura pelos títulos e, noticiou quinta-feira o Observador, a seguradora Fidelidade está a ponderar investir.

Vão ser emitidos 500 milhões de euros em dívida perpétua que ficará com uma cláusula que prevê que se o rácio de capital da Caixa descer para menos de 5,125%, os títulos serão automaticamente utilizados para reforçar esses mesmos rácios — ou seja, impondo perdas aos investidores. Esse é um dos fatores assinalados pela Fitch, em comunicado difundido esta sexta-feira.

“O rating está três níveis abaixo do rating de viabilidade da Caixa, que é de BB-, em linha com os critérios da Fitch para analisar instrumentos híbridos”, afirma a agência de notação de risco. “A notação reflete uma severidade de perdas mais elevada, em comparação com os credores seniores [os que detêm dívida com maiores garantias e direitos], e um risco de incumprimento mais elevado”, acrescenta a agência, explicando que esse efeito está relacionado com o pagamento de juros periódicos, que é discricionário.

A Fitch acredita, mesmo, que mesmo que os rácios de capital não desçam até 5,125%, poderá haver interrupção do pagamentos de juros de cupão (periódico, anual) logo que os rácios se aproximem, por hipótese, dos mínimos pedidos à Caixa em 2017, que são de 8,25%. Os rácios da Caixa, incluindo a recapitalização em curso, estão em 12% (em base consolidada).

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