Olhar para a camisola vermelha com o número 11 e ver nas costas (Kelly) Slater não era propriamente a coisa mais assustadora do mundo: afinal, quando tinha 21 anos, Frederico Morais mediu forças com o monstro do surf 11 vezes campeão mundial e ganhou. A idade é um posto? Em Peniche, não. Esta sexta-feira, sábado na Austrália, foi. Porque com um mar quase cego, o americano de 45 anos teve mais olho e foi rei. E Kikas acabou por terminar de forma inglória a primeira etapa na Liga Mundial.

Frederico Morais não conseguiu repetir a vitória de 2013 frente a Kelly Slater

No décimo heat da terceira ronda, depois de uma passagem direta depois de vencer Filipe Toledo e Adrian Buchan, Slater começou com um modesto 4.33 e cedo se iria perceber que o mar não estava para grandes aventuras. Passados 15 minutos, o surfista português continuava à espera do momento, aquele momento que só não foi “o” momento porque o americano saiu na frente e marcou um 6.33 a juntar ao 6.57 que já tinha. Na sua primeira onda, Kikas ficou-se pelo 5.17 e, mais tarde, 3.67.

Os minutos passavam, o cenário não mudava e Slater conseguiu seguir na melhor onda da eliminatória, um 8.33 que deixava pouca margem a Frederico Morais: ou fazia o “impossível”, com uma nota muito perto do 10, ou tinha tempo para pontuar em duas ondas na ordem dos 7.50. Nem uma, nem outra – sem a “ajuda” do mar naquele momento, conseguiu apenas fazer um 6.00 e quando só faltavam alguns segundos para o final da bateria. No final, derrota por 14.90-11.17 e uma pequena multidão no areal à saída do antigo campeão mundial que, aos 45 anos, continua a ser o surfista mais idolatrado do circuito. Também pela forma como coloca tudo e todos à vontade, é um facto.

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Terminou assim a participação de Frederico Morais no Quiksilver Pro Gold Coast, primeira prova da Liga Mundial de 2017, falhando a passagem aos 12 melhores que estarão na quarta ronda. Hoje não era mesmo o dia. Como foi em Peniche, em 2013.

Os outros apurados da terceira ronda que terminou esta noite (e respetivos vídeos dos melhores momentos, que valem sempre a pena) foram os seguintes:

Heat 1: Kolohe Andino, 13.87 (Jadson André, 12.84)

Heat 2: Adriano Souza, 14.93 (Stuart Kennedy, 12.07)

Heat 3: Matt Wilkinson, 15.10 (Jeremy Flores, 14.60)

Heat 4: Joel Parkinson, 17.24 (Miguel Pupo, 13.54)

Heat 5: Ítalo Ferreira, 14.60 (Caio Ibelli, 13.27)

Heat 6: John John Florence, 15.47 (Mikey Wright, 14.17)

Heat 7: Jordy Smith, 17.30 (Ezekiel Lau, 17.00)

Heat 8: Owen Wright, 15.10 (Mick Fanning, 15.00)

Heat 9: Connor O’Leary, 14.93 (Julian Wilson, 14.70)

Heat 10: Kelly Slater, 14.90 (Frederico Morais, 11.17)

Heat 11: Conner Coffin, 14.33 (Sebastian Zietz, 14.20)

Heat 12: Gabriel Medina, 19.00 (Ian Gouveia, 14.56)

Na quarta ronda (que vai arrancar já de seguida), onde o primeiro fica apurado diretamente para os quartos-de-final e os segundos e terceiros têm de passar pela quinta ronda, os emparelhamentos são os seguintes: Kolohe Andino, Adriano de Sousa e Matt Wilkinson no heat 1; Joel Parkinson, Ítalo Ferreira e John John Florence no heat 2; Jordy Smith, Owen Wright e Connor O’Leary no heat 3; Kelly Slater, Conner Coffin e Gabriel Medina no heat 4.