O seu trabalho na área da ciência forense ajudou a mandar para a prisão inúmeros assassinos, piratas, gangsters e ladrões. Foi apelidado de “Detective X” num perfil elaborado pela Reader’s Digest, em 1951. Mas o percurso profissional de Wilmer Souder, o seu nome verdadeiro, nunca foi realmente conhecido.

O próprio cientista ofuscou deliberadamente este lado da carreira a fim de se proteger a si e à sua família. Assim, nunca ficou lembrado pelo seu papel percursor na área da ciência forense. Também a isso se deve a escassez de registos históricos.

Até 2014, quando Kristen Frederick-Frost, a curadora do National Institute of Standards and Technology, em Maryland, nos Estados Unidos, foi aos arquivos em busca de novas exibições. Nessa procura, deparou-se com uma caixa que continha nove cadernos pertencentes a Wilmer Souder. Os cadernos já não escondiam as marcas do tempo e o que neles estava escrito era de difícil perceção.

Foi então que Frederick-Frost tomou conhecimento de John Butler, uma figura importante na história da ciência forense, e a ele se aliou. Vice-presidente de um comité federal consultivo da Comissão Nacional de Ciência Forense, Butler tem desenvolvido esforços para fortalecer a importância da ciência forense na área criminal.

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A equipa analisou detalhadamente os documentos descobertos e revelaram informações desconhecidas sobre a vida profissional de Wilmer Souder. A história, agora contada pelo National Geographic, deu origem a um documentário intitulado “Detective X: (Re) Discovering Wilmer Souder”.

Quem foi, afinal, Wilmer Souder?

Era formado em física e trabalhou ao lado de Prémios Nóbel

Foi-lhe oferecido um mestrado na área da física. Quando 1911, começou a trabalhar no National Bureau of Standards, Souder não precisou de muito tempo para mostrar as suas capacidades. Dois anos depois foi convidado para integrar o departamento de física da Universidade de Chicago, que foi casa de Albert Michelson, que ganhou o Prémio Nobel de Física em 1907. Mais tarde, Robert Millikan, que viria a ganhar o Prémio Nobel de Física em 1923, conduziu estudos nos quais Souder participou.

Deu nome a um dos mais importantes prémios da medicina dentária

Em 1916, o National Bureau of Standards recebeu novamente Souder mas, desta vez, para um campo diferente. O cientista estudou as propriedades físicas de recheios dentários. Os seus desenvolvimentos na área da medicina dentária revelaram-se um enorme contributo para o Exército dos Estados Unidos, a nível dos cuidados dentários dos soldados. Acabou por ser homenageado ao dar nome a um dos mais prestigiados prémios na área da medicina dentária: o Wilmer Souder Award.

Em 25 anos, trabalhou em 838 casos. Um deles o caso Lindbergh

Dos 838 casos nos quais trabalhou, quase uma centena deles foram para o Departamento de Justiça e quase três centenas para o Departamento do Tesouro. O famoso caso Lindbergh foi um dos casos mais mediáticos no qual Souder esteve envolvido. Apesar de só mais tarde se ter descoberto este seu envolvimento, devido aos seus contributos na área forense, Souder ajudou a condenar à morte Richard Hauptmann, pelo rapto e homicídio do filho de 20 meses do aviador Lindbergh.

Segundo Butler, os cadernos encontrados estão cheios de referências obscuras, pelo que se questiona: “Quem sabe em que outros casos famosos ele trabalhou”.