45 jornadas depois, o FC Porto pode voltar a ser líder isolado da Primeira Liga. Assim, não parece muita coisa. Mas se recordamos a data em que deixou de ser, amplia o cenário: 2 de janeiro de 2016. E se reavivarmos a memória com outros capítulos da nossa vida, ainda mais. O que mudou daí para cá no futebol, em Portugal e no mundo?

O inesperado empate sem golos do Benfica em Paços de Ferreira poderá fazer com que os dragões saltem para a liderança do campeonato em caso de vitória frente ao V. Setúbal, este domingo (18h). Algo que os azuis e brancos não sabem o que é desde que, à 16.ª jornada da temporada 2015/16, Islam Slimani bisou em Alvalade no triunfo por 2-0 do Sporting que permitiu a ultrapassagem dos comandados de Jorge Jesus para o primeiro lugar que perderiam mais tarde, a 5 de março, quando foram derrotados pelo Benfica também no seu reduto.

Nessa altura, 2 de janeiro de 2016, Julen Lopetegui era o treinador. Seis dias depois, já não era. Chegou José Peseiro, duas semanas depois, com um contrato de ano e meio. Que não chegou sequer a meio: a 30 de maio, foi anunciado o acordo de rescisão com o treinador português. No dia seguinte, Nuno Espírito Santo foi apresentado. E ao terceiro técnico, o FC Porto poderá voltar a olhar do topo da tabela para os outros, depois de ter partilhado o primeiro lugar com o Sporting no final da segunda jornada, antes de ir de novo a Alvalade perder, desta feita por 2-1.

Mas olhemos para o que se passava no País nessa altura: a “geringonça” comandada por António Costa tinha pouco mais de um mês de governação a contra-gosto de muitos, Cavaco Silva era Presidente da República e José Sócrates tinha sido libertado apenas dois meses e meio antes. Hoje, Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente da República, tem a melhor relação com a resistente “geringonça” que continua a governar e José Sócrates, que entretanto até já mudou de casa, continua à espera da acusação do Ministério Público 1327 dias depois de Rosário Teixeira ter aberto oficialmente uma investigação por duas transferências feitas por Carlos Santos Silva.

Na Europa e no mundo, Portugal nunca tinha ganho uma grande competição como o Campeonato da Europa, Ban Ki-Moon ainda não tinha sido substituído por António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas, Donald Trump ainda tinha 11 adversários nas eleições primárias dos republicanos (Ted Cruz, John Kasich, Marco Rubio, Bem Carson, Jeb Bush, Rand Paul, Chris Christie, Mike Huckabee, Carly Fiorina, Jim Gilmore e Rick Santorum), Dilma era presidente do Brasil e coisas como o Panama Papers ou o Brexit eram totalmente desconhecidas.

14 meses e meio depois, tudo mudou. O FC Porto pode voltar onde mais se acostumou a estar desde que Pinto da Costa assumiu a presidência do clube, no longínquo ano de 1982. Daí para cá, além de sete títulos europeus e muitas taças nacionais, conquistou 20 campeonatos. E este regresso à liderança isolada também poderá ajudar no objetivo de evitar o maior jejum de triunfos na Primeira Liga desde que passou a liderar os dragões.

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