O diretor da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) admite que Moscovo tente influenciar o resultado das eleições em vários países europeus. Depois de confirmar que há provas da interferência russa nas presidenciais norte-americanas de novembro do ano passado — numa audição perante o Senado dedicada precisamente a debater a ingerência de responsáveis russos na eleição de Donald Trump –, Mike Rogers admitiu que o processo se venha a repetir nos próximos meses nas eleições francesas e alemãs.

“Prevejo que [os russos] mantenham este nível de atividade”, disse o diretor da NSA, revelando que a agência que dirige detetou a tomada de “medidas ativas” de interferência em território europeu. Sem concretizar que tipo de ações foram ou poderão ser desenvolvidas por elementos ligados ao poder em Moscovo, Rogers antecipa que haja tentativas de algum tipo de interferência no resultado final.

Em França, por exemplo, o atual presidente, François Hollande, está fora da corrida, depois de ter decidido não concorrer ao Eliseu. A responsabilidade de segurar a escalada eleitoral de Marine Le Pen cabe, agora, ao centrista Emmanuel Macron, com uma ligeira vantagem sobre a candidata da Frente Nacional.

Numa entrevista à CNN, em fevereiro, Le Pen negava que Moscovo tivesse anexado o território ucraniano da Crimeia, em dezembro de 2014. “Houve um golpe de Estado na Ucrânia, havia um acordo entre nações e no dia seguinte o acordo foi rompido e as pessoas tomaram o poder. Não houve qualquer invasão da Ucrânia. A Crimeia era Rússia, foi sempre Rússia, a população sente-se russa”, defendeu a candidata da Frente Nacional na entrevista.

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Na Alemanha, onde a maratona para a chancelaria segue com menos casos, Angela Merkel procura a reeleição nas eleições federais de setembro. “Eles [os russos] vão voltar em 2020, podem estar de regresso em 2018”, disse Comey, diretor do FBI que também foi ouvido esta segunda-feira no Senado. “Uma das lições que tiramos disto é que eles tiveram sucesso, ao introduzir o caos e a discórdia” no processo eleitoral, concluiu.

Durante a audição conjunta de Rogers e Comey, o presidente norte-americano esteve mais preocupado em sublinhar o facto de o diretor do FBI não confirmar se passou informação a Barack Obama sobre os contactos entre Michael Flynn (escolhido por Donald Trump para liderar a Agência de Inteligência de Defesa) e responsáveis russos.

Informações que o diretor do FBI explicou por diversas vezes não poder confirmar ou negar por estar em risco a divulgação de dados considerados confidenciais. Comey admitiu, no entanto, estar em curso uma investigação do FBI à ligação entre elementos da campanha de Donald Trump e os hackers russos que invadiram as contas de email de diversos elementos da campanha democrata (entre os quais a do diretor de campanha de Hillary Clinton) e que disseminaram depois essas mensagens pela comunicação social com o objetivo de fragilizar a adversária de Trump.