Se há coisa em que os brasileiros são bons é nessa importante arte de saber receber. O mundo até pode estar virado ao contrário, mas há sempre um sorriso, uma palavra ou uma operação de charme para recolocar a coisa no sentido certo. Quer um exemplo? Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Antes, estava tudo por fazer; durante, tudo se fez; agora, nada mais se faz.

Michel Temer, presidente do Brasil, tentou seguir esse guião para limpar a trapalhada provocada pela operação ‘Carne Fraca’, uma mega operação da Polícia Federal que investiga o esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos que permitia a venda ilegal de carne por uma organização formada por grande empresas do ramo alimentar. Vai daí, juntou este domingo à noite num jantar ministros, embaixadores e representantes de 27 países numa churrasqueira em Brasília, a Steak Bull.

Embaixador angolano Nélson Manuel Cosme foi um dos participantes no rodízio organizado por Temer

Primeiro problema: nenhuma carne que formava parte do buffet/banquete para estrangeiro ver e provar era brasileira. Primeira repercussão: China, Chile e Coreia do Sul foram os primeiros três países a barrar de forma temporária a carne brasileira. E não ficará por aqui.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com a Folha, e já depois do veto temporário da China, o Ministério da Agricultura do Chile foi o segundo a abrir hostilidades, com a barragem temporarária a toda a carne importada do Brasil. Seguiu-se a Coreia do Sul, que baniu todas as vendas de produtos de frango da BRF, a maior produtora de carne de frango do mundo.

Operação contra venda ilegal de carne no Brasil deteta uso de produto estragado

Também a Comissão Europeia, após os contactos de Áustria, França, Polónia ou Rep. Irlanda terem pedido esclarecimentos, se prepara para reagir a todo este processo que causou já alguns focos de conflito entre a investigação da Polícia Federal e o governo, nomeadamente o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.